Qorpus – Repositório
  • EDITORIAL — N. 005 –24/06/2012

    Publicado em 24/06/2012 às 15:06

    Florianópolis, 24 de junho de 2012

    EDITORIAL n. 005

    Nesta edição do jornal “Qorpus” destaco, na janela “Como é”, a dramaturgia radical e política do argentino Rafael Spregelburd, autor e ator contemporâneo, apresentada por Luz Rodríguez Carranza, professora da Universidade de Leiden (Holanda). Os textos de Spregelburg discutem, segundo Luz, “la diferencia mínima entre un lugar y lo que tiene lugar en él”. Os artistas argentinos de diferentes disciplinas se acostumaram, de acordo com Spregelburd, “a la esquizofrenia que surge de la suposición de que nacer en la Argentina es carta libre para no ser de ningún lado, y al mismo tiempo, el dolor agónico de tratar de retratar en cada obra, en cada gesto, en cada palabra intercambiada con colegas extranjeros, cómo es ese lugar del que venimos”.  Ou seja, conclui Luz, “como en todas las obras de Spregelburd hay allí – y esa es mi tercera hipótesis – un efecto político que es transitivo y no comunicativo ni contagioso. El espectador se ve confrontado a su propia ambigüedad entre la implicación y la distancia – porque las palabras producen las dos cosas simultáneamente – y en lo que sigue voy a tratar de demostrarlo”.  Os questionamentos que surgem da obra de Spregelburd —  « ¿Qué es el arte argentino? ¿hay tal cosa? […] ¿Qué se espera de nosotros ?/ ¿Quién lo espera? ¿Quién es nosotros? » — são retomadas no ensaio sobre as Ilhas Malvinas, do professor da UFSC Alexandre Fernandez Vaz, que recoloca “na agenda internacional o traumático tema, nas vésperas do aniversário de trinta anos da ocupação argentina das Falklands”.

    “A Gaiola”, de Alberto Giacometti

    Ainda na janela “Como é”, Julia Studart discute o livro “A Colher de Samuel Beckett e outros textos” (publicado em 2002, e ainda inédito no Brasil), do escritor angolano Gonçalo Tavares. Segundo Júlia, “o livro se organiza em pequenos textos quase como se fosse composto por uma reunião de peças anotadas, uma espécie de ‘dramatículos’ – tão ao gosto do autor de “Esperando Godot” [1952], “Fim de partida” [1957], “Improviso de Ohio” [1981], entre outros textos profundamente radicais no gesto de esgarçar a linguagem.”

    Também na mesma janela apresento um ensaio de minha autoria sobre uma das últimas performances de Marina Abramović, importante artista internacional com algumas passagens pelo Brasil. Nathália Menotti Mazini discute, em “Como é”, aspectos da peça “As filhas de King Kong”, da dramaturga alemã Theresia Walser. A peça será montada pelos alunos da sétima fase do curso de artes cênicas da UFSC, sob direção geral do professor Paulo Ricardo Berton. Henrique Zielinski Furtado fala sobre o bufão no teatro, nesta janela.

    Em “… à procura de um autor”, Maria Aparecida Barbosa entrevista, com exclusividade para o “Qorpus”, a dramaturga contemporânea Theresia Walser.

    Na janela “Teatro na Praia”, Jussara Salazar apresenta uma crônica sobre “caminhar pelas ruas de Curitiba sob o seu melhor disfarce, o de Dalton Trevisan”. Clélia Mello nos introduz à sua obra visual “Ruídos”. Julia Schiavo faz uma leitura performática de um fragmento do livro “Galáxias”, de Haroldo de Campos. É de Juliana Schiavo também um pequeno monólogo inédito, intitulado “Mulheres”. Outros trabalhos inéditos, apresentados nesta janela: uma crônica de Priscila Andreza de Souza, um poema de Cezar Pizetta e uma prosa poética de Sérgio Medeiros. Letra de música em homenagem a Franklin Cascaes, do romancista e poeta Cláudio Cruz.

    “Field”, instalação de Antony Gormley

    Na agenda cultural, o destaque é o Fita Floripa.

    Obras de Alberto Giacometti e Antony Gormley ilustram esta edição. Suas obras, expostas recentemente em São Paulo, foram alguns dos destaques deste primeiro  semestre de 2012.

     
    Boa leitura,
    Dirce Waltrick do Amarante

  • Editorial – N. 004 – 11/03/2012

    Publicado em 11/03/2012 às 13:30

    EDITORIAL N.004

     
    Na quarta edição do jornal “Qorpus”, cinema, literatura, performance e teatro caminham lado a lado e dialogam estreitamente.

    Destaco, nesta edição, o ensaio de Werner Heidermann sobre a tradução do texto dramático, na janela “Como é”. Segundo Heidermann, podemos comparar o texto dramático a uma partitura, a qual só pode ser interpretada e “desdobrar seu potencial” na hora da realização pelos “instrumentos” previstos na partitura.

    Ainda nessa janela, o leitor encontrará duas resenhas de filmes: Alexandre Fernandez Vaz fala sobre a produção nacional mais recente, comentando “O palhaço” (2011), o premiado filme do diretor e ator Selton Mello; e Aurora Bernardini traz à cena o cinema francês contemporâneo, dando destaque ao filme “Tomboy”, dirigido por Céline Sciamma.

    "O palhaço", de Selton Mello

    Na janela “Como é”, Marina Veshagem conta um pouco de sua experiência com o grupo teatral colombiano “Luz de Luna”, através de um vídeo-documentário de sua autoria. Márcio Cabral fala sobre a peça “Oxigênio”, da Companhia de Teatro de Curitiba, apresentada no final do ano passado na UFSC. Angélica Mahfuz traz uma breve reflexão sobre o teatro contemporâneo e Giovana Ursini analisa o conto “Um artista da fome”, de Franz Kafka. Por fim, um ensaio de minha autoria sobre o teatro infantil contemporâneo.

    Em “Teatro na praia”, Sérgio Medeiros fala sobre a cantora e performer Cathy Berberian. Alunos da disciplina “Adaptação, citação e tradução: teatro, cinema e literatura”, da UFSC, apresentam uma adaptação em vídeo do romance “O Senhor Valéry”, do escritor angolano Gonçalo M. Tavares. Ângela Victoriano e Guilherme Oliveira discutem o processo de montagem de “Clowns”, dirigido por Priscila Genara — o espetáculo reestreia em março no campus da UFSC. 

    Partitura de canção interpretada por Cathy Berberian

    Na janela “Teatro na Praia”, o leitor poderá apreciar um fragmento de “Com que se pode jogar”, último livro de Luci Collin, além de uma crônica de Priscila Andreza de Souza e de um fragmento das aventuras do famigerado herói Pantagruel, de François Rabelais, na tradução de Clélia Mello. Clélia Mello lê também dois poemas do livro “Espelho dos Melodramas”, de Rodrigo de Haro, publicado recentemente pela Editora da UFSC. Por fim, a mesma janela traz a tradução de um fragmento do escritor Ivan Goll, por Maria Aparecida Barbosa

    Outro destaque desta edição é a publicação, na janela “… à procura de um autor”, de uma entrevista com o diretor do teatro de la Huchette, casa tradicional de Paris. A peça “A cantora careca”, do dramaturgo franco-romeno Eugène Ionesco, está em cartaz nesse teatro desde 1957, sem interrupção. Dois atores da troupe do teatro de la Huchette também participam da entrevista.

    Eugène Ionesco

    Nesta mesma janela, Raquel Wandelli entrevista o multiartista Rodrigo De Haro e o poeta Duda Machado, parceiro de Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros compositores brasileiros.

    Na “Agenda Cultural”, convite para conhecer o site da performer e dançarina de butoh Emilie Sugai.

    Boa leitura,
    Dirce Waltrick do Amarante


  • Editorial – N.003 – 21/11/2011

    Publicado em 21/11/2011 às 12:00
    EDITORIAL n. 003
    .
    A terceira edição do Jornal “Qorpus” é dedicada à poesia, ao teatro, ao balé e à ópera.
    Destaco, nesta edição, os ensaios de Aurora Bernadini, Helena Tornquist, Maria Aparecida Barbosa e Emilie Sugai. Bernadini fala sobre o teatro de Antônio José, nascido no Brasil, mas que se mudou com a família para Portugal e lá parodiou “o modelo espanhol, italiano, francês e as lendas gregas e as latinas, numa perfeita camuflagem da Lisboa setecentista”, absorvendo “a herança do teatro popular, onde o cômico se insere na sátira política”. O libreto de sua ópera “Vida do Grande D. Quixote de la Mancha e do Gordo Sancho Pança” pode ser lido na janela “Teatro na praia”. Helena Tornquist discute o teatro cômico e as “comédias sérias” de Machado de Assis. O ensaio de Maria Aparecida Barbosa oferece ao leitor um panorama do teatro surrealista, chamando a atenção para o teatro de Iwan Goll. Há que se destacar ainda, nesta edição, o depoimento de Emilei Sugai sobre a homenagem a Kazuo Ohno da qual participou, sob a direção de Antunes Filho.
    Outro destaque desta edição é a publicação, na janela “Teatro na praia”, de poemas de Duda Machado, alguns deles compõem seu livro recém-lançado “Adivinhação da Leveza” (Editora Azougue, 2011). Em “… à procura de um autor”, uma entrevista com o poeta, performer e finalista do prêmio Jabuti deste ano, na categoria poesia, Ricardo Aleixo.
    O jornal “Qorpus” traz ainda, na janela “… à procura de um autor”, uma entrevista com o premiado diretor Jefferson Bittencourt, que recentemente esteve em Londres com a peça “A galinha degolada” (uma adaptação do conto de mesmo nome do uruguaio Horácio Quiroga).
    Em “Teatro na Praia”, uma tradução inédita de “Um entardecer”, de Samuel Beckett, por Ana Helena Souza; o “Ballet Mécanique”, numa apresentação em vídeo, de Fernand Léger; e também uma apresentação em vídeo de uma performance de textos de Roa Bastos, por Luizete Barros.

    Ballet Mécanique, Fernand Léger, 1924

    Participam desta edição, com ensaios e textos criativos, alunos do curso de Artes Cênicas da UFSC: Jacqueline Kremer, Henrique Zieslinki Furtado, Marcela Trevisan, Priscila Andreza de Souza e Marina Veshagem.

    Boa leitura,
    Dirce Waltrick do Amarante

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    EDITORIAL – N. 002

    O segundo número do jornal “Qorpus” conta com colaborações de estudiosos de diferentes áreas, propondo um importante diálogo interdisciplinar e lembrando que as artes cênicas não são uma área isolada do conhecimento.
    Parafraseando uma frase Karl Marx a propósito dos filósofos, as artes cênicas não nascem da terra como cogumelos. São fruto da sua época, do seu povo.
    Merece destaque, nesta edição, o ensaio “Cerimonial e anacronismo: Ollantay”, do professor Raúl Antelo (UFSC), autor de importantes trabalhos na área da cultura, com publicações dentro e fora do país. Antelo fala sobre a ópera Ollantay, de Constantino Gaito, que tem como tema a tradicional lenda de Ollantay, “um misto de curaca e amauta, um funcionário do Inca, destacado para atos administrativos e de guerra”. (Janela “Como é”.)
    Outro destaque desta edição é a tradução de uma peça em cinco atos de Getrude Stein , “O que aconteceu”, por Luci Collin, professora de língua e literatura inglesa da UFPR, tradutora e estudiosa da obra da escritora norte-americana. (Janela “Teatro na praia”.)
    Esta edição também traz um pequeno oratório lírico-dramático, “Duas ou três coisas que eu sei dela”, do poeta, dramaturgo, tradutor e professor de literatura da UFSC, Cláudio Cruz. (Janela “Teatro na praia”.)
    Na janela “… à procura de autor”, temos duas importantes entrevistas: a primeira, com o compositor e professor da UNICAMP, especialista em música erudita contemporânea, Silvio Ferraz, dada a Sérgio Medeiros, professor do CCE/UFSC. A segunda é com a secretária de Cultura e Arte da UFSC (SeCArte), Maria de Lourdes Borges, concedida a Jacqueline Kremer, aluna do curso de artes cênicas da UFSC.
    Na janela “Como é”, o leitor encontrará o ensaio “Dorotéia: um jogo de espelhos?”, da doutora em literatura comparada pela USP, Maria José Moreira F. França, e uma resenha, assinada por mim, da revista “Folhetim n.29”, um número especial em homenagem ao dramaturgo Nelson Rodrigues.

    Esta edição traz ainda, na janela “Teatro na Praia”, três adaptações do conto “Os anões”, da escritora gaúcha Veronica Stigger, por Marina Veshagem, Jacqueline Kremer e Henrique Zieslinki Furtado, ilustradas por Marcela Trevisan, todos alunos da quarta fase do curso de Artes Cênicas da UFSC. Nesta mesma janela, o leitor encontrará um poema de Thiago Santanna, “A queda”, e a leitura de fragmentos do conto “Meu tio Iauaretê”, de João Guimarães Rosa, por Priscila Andreza de Souza. Ambos alunos da quarta da fase do curso de artes cênicas da UFSC.
    A “agenda” deste número destaca a reapresentação da festejada peça “A Galinha Degolada”, uma adaptação do conto de mesmo nome do uruguaio Horacio Quiroga, dos grupos catarinenses “Persona” e “Teatro em Trâmite”, com direção de Jefferson Bittencourt. A reapresentação será em setembro, no Teatro da Ubro.
    Não deixe de conferir, ainda, a janela “Boca de Ouro”, que traz comentários a respeito das edições do jornal e da vida acadêmica.

    Boa leitura,

    Dirce Waltrick do Amarante


  • Chamada

    Publicado em 09/06/2011 às 1:04

    Uma nova edição do jornal “Qorpus” entrará no ar no início de novembro.

    Aceitamos artigos e colaborações enviados (contatos) até 15 de outubro para apreciação do conselho editorial.


  • Editorial – N.001

    Publicado em 06/06/2011 às 12:00

    EDITORIAL – n. 001

    “Qorpus” é um jornal “on line” (atende assim aos apelos da campanha “universidade sem papel”) e será escrito e diagramado pelos alunos de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina. Objetiva estimular o exercício da escrita crítica e dramatúrgica, além de estreitar o diálogo entre os alunos, propiciando-lhes o desenvolvimento criativo e reflexivo de temas comuns. Cada edição contará com a colaboração de professores convidados, visando ampliar o entrosamento entre as pesquisas docentes e discentes. Artistas com carreira já consolidada também colaborarão no jornal.

    Este primeiro número conta com duas importantes colaborações. A consagrada professora da USP Aurora Bernardini, tradutora de Luigi Pirandello, entre outros, fala, na janela “Como é”, sobre o livro “O Humorismo”, de Pirandello; Ana Helena Souza, tradutora de Samuel Beckett, discute nessa mesma janela a obra desse escritor e dramaturgo irlandês. Nesta edição inaugural se analisa ainda a disciplina “Genealogias Dramáticas Americanas”, elaborada pela professora Alai Diniz, na janela “Como é” – essa disciplina inovadora permite uma abordagem não linear e anacrônica da história do teatro nas Américas, capaz de trazer à tona todo um passado oculto, no entanto ativo e pulsante, como os imemoriais rituais indígenas que cada vez mais inspiram dramaturgos e diretores.

    Traz esta edição alguns textos de alunos da terceira fase do curso de Artes Cênicas da UFSC: Marina Veshagem fala sobre “Ubu Rei”; Magda Jacqueline Kremer comenta “O Inspetor Geral”; e Priscila Andreza de Souza analisa um conto e uma peça de Pirandello. Todos esses ensaios podem ser encontrados na janela “Como é”.

    Na janela “… à procura de autor”, contamos com a colaboração da professora Maria Aparecida Barbosa (UFSC), tradutora de E.T. A. Hoffmann, entre outros, que entrevista a tradutora e dramaturga Christine Röhrig, a qual coordenou a publicação da Coleção Teatro Completo de Bertolt Brecht no Brasil e traduziu várias peças dessa coleção.

    Ainda nesta edição, conhecemos também um pouco do trabalho de Emilie Sugai, dançarina e performer paulistana que trabalha com a dança Butô e estreia novo espetáculo em breve. O poeta Sérgio Medeiros introduz o conceito de Butô, num pequeno ensaio que acompanha as fotos de espetáculos realizados por Emilie Sugai nos últimos anos. Esse material está disponível na janela “Teatro na Praia”.

    Alguns textos dramatúrgicos — sobretudo adaptações — de alunos da terceira fase do curso de Artes Cênicas da UFSC também foram incluídos nesta edição na janela “Teatro na Praia”: Angela Victoriano, Angélica Mahfuz, Guilherme Oliveira, João David e Márcio Cabral propõem uma versão sucinta de “Esperando Godot”, de Samuel Beckett, e Guilherme Freitas de Oliveira, de “Ubu Rei”, de Alfred Jarry.

    A “agenda” deste jornal será renovada semanalmente. Fica já o convite para o Bloomsday 2011, a ser comemorado no dia 16 de junho, às 17 hs, no Museu Victor Meirelles, em Florianópolis.

    Agradecemos o apoio e o incentivo de Lúcia Olímpio, Chefe do Departamento de Artes e Libras (DALi), e dos integrantes do conselho editorial deste jornal, além do corpo discente que integra este projeto.

    Bem-vindos,
    Dirce Waltrick do Amarante

    BUTÔ – Emilie Sugai