Biografia dos não nascidos. Na terra dos não publicados — Cezar Pizetta

Biografia dos não nascidos
Na terra dos não publicados

Cezar Pizetta*

Considero a hiperatividade do silêncio
O voo do gafanhoto
E os insetos nos jardins
Sobrevivendo aos critérios

Bem vindo ao reduto
Adorável leitura dos atemporais
Ornamento das inesquecíveis criaturas

Em um contexto
Muito bem maquiado
Principalmente no reino dos argumentos literais

Adaptou-se ao externo
e construiu suas próprias especulações
Reivindicou mutações
Noites expressivas
Benevolência
Mesmo que intencional
Mas as probabilidades estavam controladas

Eis que então
Respondeu-lhe
Espreitando as hipóteses
E num gesto alusivo
Indagou o discernimento

Em quantos quadros queres a tua plausível experiência?
Quanto queres investir no artificial?

Vamos gravar o turbilhão
Raiz das hipóteses abandonadas
Quero gravar as moléculas
no elefante
E a factual historieta
Biografia dos não nascidos
na terra dos não publicados

Serão transmitidas
Em sínteses suportáveis
Descontínuas de propósitos
Explanadas aqui ou na lua

Eis o abandono da moldura
Sugestão do tempo
Coleção do imagético
O depósito de truques
E os desenhos populacionais
Jantando à sua mesa

Eu sou o fruto de uma teoria pigmentada
Natural na analogia dos efeitos
Repleto e fundamentado nas incertezas de uma só possibilidade

Os episódios que nunca existiram
Foram escritos
E não estão perdidos

Por mais que o convívio dos instantes
Surtam seus efeitos
Nos trópicos granulados
As criaturas e suas circunstâncias
Salivando o planetóide
Disfarçadas em um espírito dublado
Adivinhas de um dialeto
Fundiran-se aos trilhos
Enveredou-se o controle dos eventos
Foran-se os termos para decifrar os instantes
E agora as respostas
Permeiam por estações em andamento

Confirmou-se
Ópera do destino
Tem concerto
Vários instantes
Foram citados
Provenientes
Prósperas lágrimas de um subtexto

E a lua à desabafar minhas cartas
Amplificando a fúria repontada
De um enigma sem legendas

Surgiu de um zunido azulado
Querendo contar suas eventuais
Linda e sucinta
Em tons de voyeur
Porém, antes de remeter-se aos
vórtices
Caminhando em termos
Estendeu-se
Bem ao longe das geleiras desmaiadas

Ainda tive tempo de rodar
Ligou-me quando os soltícios oceânicos
Andavam em tempestades
Vindas em beijos

Uma trilha instrumental
E os olhos
Pontos fictícios
Diziam ser a própria historieta
Na estação dos envelopes
Colhendo pingentes ensolarados

Que venhas então do literal
Poderá ouvir-se
Nas tendas ruivas
Os feriados conotados
E os moinhos de cheiro

O retorno do silêncio virá dançando
Por um labirinto aos ímpares
Naquele salão lustroso
Parafraseado de criaturas
Em uma narrativa
de supostas realidades.

* Aluno do Curso de Artes Cênicas da UFSC