Fragmentos Perfomáticos – Ana Carolina Cunha da Conceição e Eduardo Marques Alexandre
Fragmentos Perfomáticos
Ana Carolina Cunha da Conceição e Eduardo Marques Alexandre*
A arte contemporânea abrange uma gama variada de modos de expressão. Dentre essa variedade, a performance se destaca atualmente e com isso questionamentos diversos tais quais o seu enquadramento da arte, as comparações com o teatro e sua limitação.
No conto “O Velho”, de Veronica Stigger, o personagem central sofre modificações antrópicas (enfeites natalinos adicionados ao corpo). Desta forma, encontram-se semelhanças com o conceito de body art definido como “o corpo como núcleo de expressão e investigação”, segundo Regina Melin.
Em “O Velho” as ações sofridas pelo senhor aparentemente debilitado, dependente de “infindáveis tubos de alimentação, respiração e excreção” podem aludir ao conceito de “paixão do duplo”, controle sobre o “objeto”: “podemos sonhar em fazer do corpo do outro ou do nosso uma estátua e imaginar que ela possa se tornar um corpo vivo”, afirma Henri Pierre Jeudy no livro “O Corpo Como Objeto De Arte”, assim a implantação de “bolas coloridas” e “luzinhas piscantes” talvez criem uma nova função a este ser, definindo a “reversibilidade entre o corpo esculpido e o vivo”.
Esse antagonismo entre atuantes ativo e passivo coexiste na sociedade e na arte. No mundo cênico, vê-se o atuante ativo como aquele que pratica a ação, caracterizado no texto como “eles”. O atuante passivo, que sofre a ação, é denominado “o velho”, que só recebe e acata. Podemos decifrar os atuantes como monopolistas participantes de lados opostos ou antagônicos, em que o ativo é o diretor, a exemplo, Gordon Craig e o passivo são os atores “supermarionetes”. E a partir dessa oposição percebe-se o conflito indivíduo (ativo) versus coletivo (passivo).
* Alunos do curso de artes cênicas da UFSC