O começo de uma nova espécie: Antecipações do pós-humano em Segunda Variedade, de Philip K. Dick – Carolina Severo Figueiredo

O começo de uma nova espécie: Antecipações do pós-humano em Segunda Variedade, de Philip K. Dick

Carolina Severo Figueiredo[*]

 

“You are my creator, but I am your master; Obey!”

(Mary Wollstonecraft Shelley in Frankenstein)

 

Contextualizações

 

O intrépido major Hendricks tem uma missão: deve ir até a base russa, para uma conferência urgente. Os motivos são nebulosos, entretanto, na esperança de ser uma possível trégua, Hendricks se prontifica a encontrá-los. A guerra entre Estados Unidos e União Soviética já estava durando muito tempo, mesmo após o advindo das primeiras garras – artefatos criados pelos norte-americanos, mecanizados, dotados de lâminas, feitos com a única proposta de matar e esquartejar as bases inimigas. Entretanto, logo no início de sua jornada, o major encontra uma criança aparentemente solitária, refugiada, sobrevivendo há anos neste mundo em escombros. David, o pequeno menino com um ursinho de pelúcia que o segue até a casamata russa é, na verdade, um androide tão letal quanto as pequenas garras metálicas. E é nesta atmosfera pós-apocalíptica de desesperança que o escritor estadunidense Philip K. Dick insere o leitor em uma frenética narrativa de ressignificações e presságios. Este trabalho busca compreender alguns aspectos do conto Segunda Variedade (1953), através de uma breve análise literária fundamentada nos conceitos de ciborgue e pós-humano de Donna Haraway (2009).

Em 1953, quando Segunda Variedade é publicado, os Estados Unidos sentiam o princípio da Guerra Fria: uma tensão sociopolítica e ideológica que duraria quase 50 anos e que, apesar de estar centrada nos dois polos dicotômicos (EUA e URSS), acabaria ameaçando e traumatizando todos os continentes. Com as políticas de contenção e a crescente paranoia gerada pela ameaça de uma possível guerra nuclear, Igor Carastan Noboa em sua dissertação Filmes do Fim do Mundo: Ficção Científica e Guerra Fria, nos diz que “a Guerra Fria afetou não só o pensamento político e econômico, mas teve raízes na forma de ver as relações internacionais, as artes e a prática científica.”[1] Para o autor, a Ficção Científica do pós-guerra irá reverberar no modo como a arte interpreta a realidade, através de uma admiração e medo provocados pela corrida espacial e pelas novas práticas científicas a partir dos anos 50. A partir desta tensão, um símbolo que aparece de forma recorrente é o da ameaça comunista, afinal, “(…) o medo da perda da prosperidade pós-guerra das oportunidades prometidas pelo capitalismo, das conquistas americanas e da manutenção dos EUA como uma nação forte e próspera estão na raiz do anticomunismo.”[2] Este fenômeno é muito importante para compreender o contexto sócio-político da narrativa de K. Dick, entretanto, há outras possibilidades de compreensão que podem ir além da superfície.

Para Ricardo Piglia[3], todo conto encerra uma verdade oculta sob a superfície da narrativa. No seu interstício encontramos mais do que o desfecho aparentemente parece expor, revelando um segredo surpreendente, como é o caso de Segunda Variedade. A “arte de narrar”, segundo Piglia, deve induzir o leitor a uma interpretação aparentemente equivocada para atingir uma catarse final mais efetiva – arte essa muito bem desempenhada por K. Dick. Ao longo de todo o conto, somos levados a crer em pequenos engodos brilhantemente pincelados pelo autor, como o da legitimidade orgânica do pequeno androide David, ou ao final, com Tasso, a variedade robótica que prevalece vitoriosa em detrimento do humano. Inclusive a aparente fidelidade compulsória das garras para com os norte-americanos é revelada como um equívoco, muito embora elas sejam o estado mais “primitivo” das variedades robóticas na narrativa.

Ao se aprimorarem sozinhas, as garras e outros robôs arcaicos encontraram modos de se replicarem, onde os  desenvolvimentos autônomo e autômato das máquinas fazem o jogo da analogia biológica, da evolução das espécies, das mutações genéticas.  Ademais, ao mergulhar mais fundo no universo cinzento e pulveroso do conto, podemos encontrar outra revelação ainda mais aterrorizante: as máquinas estariam se multiplicando em diferentes laboratórios, sob diferentes níveis de especialização, co-evoluindo e se distinguindo infindamente entre elas. Esta descoberta é o cerne para a catarse ao final do conto: “Elas já estavam começando a criar armas para serem usadas umas contra as outras.”[4]. Voltaremos posteriormente a esta revelação, mas antes, cabe delinear um pouco o terreno inóspito em que estamos prestes a pisar.

 

Presságios e previsões

 

A metáfora do robô-organismo é muito eficiente para aproximar o leitor deste futuro distópico tão comum nas Ficções Científicas (FC). Bráulio Tavares, em seu livro O que é Ficção Científica, nos lembra “que a FC utiliza muita matéria-prima da ciência, mas manipula os instrumentos da ficção. O resultado disso é que seu compromisso não é com a verdade, e sim com a imaginação e a fantasia”[5]. Este gênero literário surge no século XIX e tem como precursora a obra Frankenstein, de Mary Shelley (1818), além de outros autores consagrados como Julio Verne e H. G. Wells na sua galeria de prógonos. Ao mesclar as cores fluidas da ciência e da eletricidade, e da robótica mais posteriormente, às tintas vibrantes da fantasia, a FC constitui um gênero que há muito foi afastado da crítica literária brasileira “canônica” ou, segundo termos de Mont’Alvão Júnior[6], “elitista”. Entretanto, pouco a pouco se renova o gosto acadêmico pelo que hoje assemelha-se cada vez mais a um realismo fantástico de antecipação: chegamos a um ponto onde robôs, ciborgues, viagens ao espaço, clonagem e comunicação instantânea em rede já não é mais ficção.

Enquanto este artigo é escrito, pessoas lecionam e aprendem com aulas online[7], usam seus smartphones para visitar um país distante via Google Earth[8], empresas recorrem à inteligência artificial para guiarem carros[9], jogam videogames com óculos de realidade virtual que podem ser comprados em qualquer loja de eletrônicos[10], veem tabelas nutricionais via QR Code[11]. Vivemos a aurora da Era Digital, onde a informação é (supostamente) para todos os que podem ter acesso a ela e o compartilhamento é um mandamento quase sagrado, inclusive incentivando a criação de novas “religiões”, como a Igreja do Kopimismo[12], elevando a percepção de conceitos universais como a espiritualidade a uma nova configuração, ainda embrionária. Enquanto os autores de FC sonhavam com um mundo repleto de robôs, ciborgues e inteligências artificiais “vivendo” entre os humanos, assistimos a Arábia Saudita tornar-se o primeiro país do mundo a conceder cidadania a um robô, Sophia –  fato que surtiu uma intensa polêmica relacionada aos direitos humanos das mulheres árabes[13] e demonstra a pertinência para a discussão da pós-humanidade no contemporâneo.

Do monstro de Frankenstein à androide Tasso de Segunda Variedade, a FC vem, literalmente, prevendo o nascimento de uma nova espécie concretizada pela robótica. Neste ambiente, surgem conceitos antropológicos que buscam fundamentar estas percepções para além da ficção, onde “o pós-humano representa um estágio da humanidade tecnológica cuja principal meta é a transcendência das limitações físicas e biológicas do humano.”[14] Para a bióloga Donna Haraway, este conceito é fundamental para a quebra de dicotomias estruturais como eu/outro, mente/corpo, macho/fêmea, civilizado/primitivo, etc., descritos pela autora como dualismos para a prática da dominação nas tradições ocidentais.[15] A partir do Manifesto Ciborgue (1985), Haraway utilizará o termo “ciborgue” como uma metáfora para as ressignificações socioculturais que eclodiriam nos primeiros anos desta “passagem” à Era Digital. Para Haraway, o ciborgue transcende a compreensão usual da FC, como ícone representativo do poder norte-americano pós-guerra, e torna-se um possível símbolo de libertação humana e, sobretudo, feminina. O conto de K. Dick em questão nos dá subsídios para reformular os simulacros e metáforas que podemos transpor ao “real”.

 

Pós-humano em Segunda Variedade

 

Philip K. Dick foi um dos escritores de FC que mais insistiu no debate: “o que é Real?”[16] Em Segunda Variedade, uma série de acontecimentos levam o leitor à engodos que funcionam como elementos catárticos para o desfecho da narrativa. Ao chegar à casamata russa, Hendricks é surpreendido pela presença de dois soldados e uma mulher, apontando fuzis para ele e para o pequeno David Edward Derring que o acompanhava. Antes que pudesse evitar qualquer abordagem, os soldados liquidam o menino, revelando a primeira “peripécia” do conto: apesar da fisionomia perfeitamente humana, David era um androide e estava seguindo o major para liquidar quaisquer que fossem os humanos nas casamatas. Os soldados revelam-se como sendo um polonês (Rudi Maxer) e um austríaco (Klaus Epstein). A mulher, Tasso, é um caso à parte. É a única personagem feminina, a única que não faz parte de nenhum exército, apesar de vestir o uniforme soviético dado por alguém a ela. Tasso nos é apresentada como uma prostituta de um universo distópico, e, curiosamente, é a única personagem sem sobrenome. Ela terá crucial importância para o desfecho do enredo, como veremos mais à frente.

Após este incidente, Hendricks é levado para dentro de um galpão subterrâneo à base das montanhas, onde lhe é revelado o real propósito para o qual foi chamado:

 

Sabe — disse Rudi Maxer — é por isso que quisemos discutir as condições. Quer dizer, os russos. Descobrimos que suas garras estavam começando a criar novos modelos sozinhas. Novos tipos delas mesmas. Tipos melhores. Nas suas fábricas subterrâneas, atrás das suas linhas. Vocês as deixaram modelar a si mesmas, consertar a si mesmas. Tornaram-nas cada vez mais complexas. Isso aconteceu por culpa de vocês. (…) (DICK, 2012, p. 64, grifo meu)

 

Klaus, Rudi e Tasso elucidam ao major que há, até então, duas variedades robóticas conhecidas por eles graças a inscrições em seus cadáveres metálicos: a primeira, I-V, a réplica de um Soldado Ferido. A terceira, III-V, David e o urso. A segunda ainda era um mistério que geraria uma constante tensão e paranoia entre os personagens. Se estas variedades letais eram idênticas aos humanos e aprimoravam-se sozinhas, então qualquer um era suspeito. Esta paranoia remonta, também, ao clima de desconfiança propiciado pela Guerra Fria e a crítica macarthista ao Comunismo, enfatizada por Tasso ao comentar sobre as centenas de variedades robóticas idênticas se proliferando: “(…) [este é] O ideal do Estado comunista. Todos os cidadãos intercambiáveis.”[17] Nesta altura do conto outro medo é exposto. A Base Lunar, onde o exército, a indústria e o povo norte-americano haviam se refugiado após o início da guerra estava ameaçada pelo advindo das novas variedades. O único refúgio possível para uma humanidade em colapso estava na superfície da Lua.

A tensão aumenta ainda mais quando os personagens passam à desconfiança entre si. Supostamente acreditando ser Rudi a Segunda Variedade, Klaus acaba o matando. Rudi era, na verdade, humano. Mas após este incidente o leitor é levado a crer que qualquer um dos personagens pode ser uma Variedade, sendo induzidos pelo narrador à paranoia efervescente do enredo, onde todos são suspeitos. De forma semelhante à indistinção de Homens e Porcos, n’A Revolução dos Bichos de George Orwell (1945), a impossibilidade de diferenciação de Organismo e Máquina em Segunda Variedade é uma das mais ricas contribuições de K. Dick ao imaginário pós-moderno. São máquinas tão idênticas aos humanos que são quase duplos, capazes de conversar, corar, tomar café e beber cigarros. Por este motivo, apesar da desconfiança, o leitor surpreende-se ao descobrir que o soldado Klaus era, também, um robô projetado para matar.

Ao princípio do clímax narrativo Tasso ganha maior importância. Antes de matar Klaus e revelar sua real identidade, a personagem salva Hendricks de um ataque de garras e Davids, munida de uma bomba que posteriormente será justificada por ela: “Nós a projetamos. Você não deveria subestimar nossa tecnologia, major. Sem essa bomba, você e eu não existiríamos mais.”[18]. Finalmente, sendo os dois os únicos sobreviventes, Tasso expõe a importância de ambos irem à Base Lunar refugiarem-se, uma vez que Hendricks está ferido. Após as explanações do major sobre como pilotar a nave e chegar à Base, Tasso enuncia um dúbio diálogo com Henricks:

 

— Bela nave, major. Bem construída. Admiro a habilidade de vocês. Sempre fazem um bom trabalho. Constroem coisas belas. Seus trabalhos, suas criações, são suas maiores conquistas.

— Mê dê a pistola — disse Hendricks, impaciente, estendendo sua mão. Esforçou-se para ficar de pé.

— Tchau, major. (…) (DICK, 2012, p. 98, grifo meu)

 

Dúbio porque neste ponto o narrador traz ao leitor a incerteza de Tasso estar falando como mulher russa ou como algo além do humano. Seria uma vitória da União Soviética, que estaria indo à Base Lunar destruir os norte-americanos? Enfim, na última parte do conto, a verdade fica explícita. O cenário é desolador: em meio aos escombros e às cinzas do universo pós-apocalíptico, o último humano vivo aguarda o ataque lento de dezenas de Soldados Feridos e Davids que vão ao seu encontro, acompanhados de Tassos idênticas à que estava a caminho da Base Lunar. Eram elas a Segunda Variedade. O narrador demonstra que Hendricks, ao lembrar da bomba de Tasso, reconforta-se, dando uma fantástica conclusão que transcende os limites do conto: “A bomba. Criada pela Segunda Variedade para destruir as outras. Feita com esse único propósito. Elas já começavam a criar armas para serem usadas umas contra as outras.”[19]

Essa superação da máquina em detrimento do humano pode ser compreendida como proveniente do medo do pós-Guerra, da paranoia anticomunista, ou ainda, do temor das conquistas científicas desde o século XIX. Assim como o monstro de Frankenstein, os androides de Segunda Variedade voltam-se contra seus criadores, revelando uma das mais clássicas dialéticas humanas: o impasse dicotômico entre criador e criatura, estendendo-se entre objeto e organismo, entre máquina e corpo, entre o eu e o outro. Entretanto, para além da ficção, as concepções do pós-humano podem nos ajudar a compreender essas dicotomias de modo muito aproximado da realidade. Tomaz Tadeu, no prefácio de Antropologia do ciborgue (2009), comenta sobre a dissolução identitária do humano e sua singularidade ao deparar-se com uma criatura tecno-humana que em tudo se parece conosco, em ações, comportamentos, mas de interioridade e racionalidade diversa, feita de fios e silício, e por isso dispositivo de invalidação da homogeneidade orgânica.  Para ele, a ideia de ciborgue, assim como a da clonagem, é horrenda para o humano porque coloca em xeque nossa originalidade e origem divina. Este seria uma possível transcurso entre o androide da FC e o ciborgue pós-moderno.

Já para Donna Haraway, os ciborgues não só já existem como — surpresa — somos nós mesmos. Já somos criaturas híbridas de organismo e tecnologia, uma vez indissociáveis de nossos smartphones, com nossa memória estendida à discos rígidos, utilizando calçados ergonômicos próprios para cada exercício físico, colocando implantes de silicone. A partir das reestruturações sócio-políticas advindas dos últimos avanços científicos, “as tecnologias de comunicação e as biotecnologias são ferramentas cruciais no processo de remodelação dos nossos corpos.” Onde “(…) o mito e a ferramenta são mutuamente constituídos.”[20] A partir destes apontamentos, Haraway traçará uma rede de ligações entre a ciência e a tecnologia como constituintes de uma nova etapa na vida humana, onde a máquina já é intrínseca ao orgânico e são ambos mutuamente aperfeiçoáveis e igualmente indistintos.

 

Uma nova espécie

 

As diversas relações entre Ficções Científicas e o “Real”, a ciência e suas aplicações verossímeis, são uma das diferentes formas de compreender o rico mundo da literatura ficcional. O caráter interdisciplinar da FC abre uma gama de interpretações que merecem ser mais exploradas por parte dos estudos literários no Brasil, uma vez que, ainda em crescimento, este gênero não tenha tanta influência na crítica brasileira contemporânea, preferindo lidar com as obras (sobretudo as tupiniquins), em termos mais abrangentes como Literatura Brasileira ou Literatura Infanto-Juvenil, fazendo assim parecer que não temos FC no Brasil.[21] Entretanto, há tamanha riqueza em suas temáticas que a FC pode, e deve, ser tratada com ainda mais seriedade na crítica brasileira. Um dos principais motivos para a reabertura desta discussão deve-se ao fato de estarmos vivendo em um momento histórico que muito nos aproxima das “previsões” feitas pelos autores de ficção.

Lidar com ficção subjetiva e aproximação de uma possível “realidade” objetiva é sempre uma tarefa complicada e muitas vezes infrutífera, em vias de que a FC não presta-se a explicar a ciência e sim, utilizar-se dela para criar o fantástico. Contudo, podemos utilizar termos criados pelo gênero, para analisarmos uma série de novos comportamentos humanos baseados na cybercultura pós-moderna, como fez a bióloga Donna Haraway. Segundo a autora, já não podemos nos dissociar dos meios eletrônicos e digitais: vivemos uma nova Era na comunicação, informação e concepção de nossos próprios corpos. Como verdadeiros ciborgues, não sabemos mais onde termina o corpo e começa a máquina. O interstício de Segunda Variedade sugere a discussão da dicotomia entre criador e criatura, corpo e objeto, humanos e robôs. Esta discussão, em 1953, indicava uma saliente transformação sócio-cultural possibilitada pelas novas práticas científicas. Hoje, passa a ser uma discussão ontológica tátil e aproximada do nosso cotidiano, inspirada por Sophias e Siris (IA da empresa Apple), onde repensamos essas dicotomias e tentamos ressignificá-las.

O humano da contemporaneidade vive de modo muito distinto de como Philip K. Dick imaginava o futuro: ao menos, o apocalipse nuclear (ainda) não ocorreu. Embora não estejamos vivendo uma guerra entre humanos e robôs, estamos passando por modificações cruciais em nosso modo de ver o objeto e a máquina. Já não nos vemos tão distintos delas, uma vez que dependemos de nossos smarthphones para extensão de nossa memória, por exemplo. Já não somos apenas organismos. Mas em um diálogo muito curioso, K. Dick antecipa de modo sábio e contundente o nosso tempo, ao pensar nas criaturas robóticas idênticas aos humanos: “(…) Isso me faz pensar que estamos vendo o começo de uma nova espécie. A nova espécie. A evolução. A raça que virá depois do homem.”[22]

Talvez não estejamos vendo apenas o princípio de uma nova espécie: Como os robôs de Segunda Variedade, nós mesmos estamos modificando a nossa.

 

 

Notas e referências

[*] Aluna da segunda fase de Letras e Literatura Portuguesa, sob forma de avaliação da disciplina de Teoria Literária II, ministrada pelo Prof. Dr. Sérgio Luiz Rodrigues Medeiros. A disciplina faz parte do currículo do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas, na Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail para contato: carolinasfig@gmail.com

[1] NOBOA, Ígor Carastan. Filmes do fim do mundo: ficção científica e Guerra Fria (1951/1964). Dissertação. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-18102010-153611/>. Acesso em: 5 nov. 2017.

[2] Id. 2010, p. 39

[3] PIGLIA, Ricardo. Formas breves. Tradução José Marcos Mariani de Macedo. Companhia das Letras: São Paulo, 2004.

[4] DICK, Philip K. Segunda Variedade. in: Realidades Adaptadas. Tradução de Ludimila Hashimoto. Aleph: São Paulo, 2012. p. 101

[5] TAVARES, Bráulio. O que é Ficção Científica. Editora Brasiliense: São Paulo, 1992. p. 24

[6] MONT’ALVÃO JR., Arnaldo Pinheiro. As definições de ficção científica da crítica brasileira contemporânea. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Revista ESTUDOS LINGUÍSTICOS, São Paulo, 38 (3): 381-393, set.-dez. 2009. Disponível em: <http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/38/EL_V38N3_.pdf.> Acesso em: 03 nov. 2017. p. 382

[7] TOKARNIA, Mariana. Educação superior a distância cresce em ritmo acelerado. EBC Agência Brasil: Gramado, 28 mai. 2017. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-05/educacao-superior-distancia-cresce-em-ritmo-acelerado-mostra-censo-de-2015>.  Acesso em: 03 nov. 2017

[8] GIANTOMASO, Isabela. Cinco funções do Google Earth na Web para conhecer o mundo em 3D. Techtudo: São Paulo, 01 mai. 2017. Disponível em: <https://www.techtudo.com.br/listas/2017/05/cinco-funcoes-do-google-earth-na-web-para-conhecer-o-mundo-em-3d.ghtml>. Acesso em: 03 nov. 2017

[9] WATERS, Richard. Google põe nas ruas carro autônomo sem motorista para emergências. Folha de S. Paulo: São Paulo, 07 nov. 2017. Disponível em: <http://m.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1933507-google-poe-nas-ruas-carro-autonomo-sem-motorista-para-emergencias.shtml> Acesso em: 15 nov. 2017

[10] PETRÓ, Ricardo. Microsoft lança linha acessível de óculos de realidade virtual. IGN Brasil: São Paulo, 26 out. 2016. Disponível em: <http://br.ign.com/realidade-virtual/41596/news/microsoft-lanca-linha-acessivel-de-oculos-de-realidade-virtu>. Acesso em: 15 nov. 2017

[11] CANELLO, Dafnée. Governo desenvolve aplicativo para contagem da alimentação escolar. Secretaria de Estado da Educação: Santa Catarina, 18 mai. 2017. Disponível em: <http://www.sed.sc.gov.br/imprensa/noticias/27939-governo-desenvolve-aplicativo-para-contagem-da-alimentacao-escolar> Acesso em: 03 nov. 2017

[12] ORRICO, Alexandre. Igreja do Ctrl+C Ctrl+V vira religião oficial na Suécia. Folha de S. Paulo: São Paulo, 23 jan. 2012. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/21469-igreja-do-ctrlc-ctrlv-vira-religiao-oficial-na-suecia.shtml>. Acesso em: 03 nov. 2017

[13] O GLOBO. Sophia é o primeiro robô do mundo a receber um título de cidadania. Jornal O Globo: São Paulo, 26 out. 2017. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/sophia-o-primeiro-robo-do-mundo-receber-um-titulo-de-cidadania-21996085>. Acesso em: 03 nov. 2017

[14] Felinto, Erick. O Pós-Humano Incipiente: Uma Ficção Comunicacional da Cibercultura. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. UERJ: Rio de Janeiro, 29 jul. 2006. Disponível em:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=69830986006>. Acesso em: 07 nov. 2017

[15] HARAWAY, Donna. Manifesto Ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. in: Antropologia do Ciborgue. TADEU, Tomaz (org.). Editora Autêntica: Belo Horizonte, 2000. p. 91

[16] MONT’ALVÃO JR. Arnaldo Pinheiro. op. cit., p. 388

[17] DICK, Philip K. op. cit., p. 70

[18] Idem, p. 89, grifo meu.

[19] Ibidem, p. 101

[20] HARAWAY, Donna. op. cit., p. 64

[21] MONT’ALVÃO JR. Arnaldo Pinheiro. op. cit., p. 385

[22] DICK, Philip K. op. cit., p. 68