Descobrindo um clown – Angela Cristina Victoriano

Descobrindo um clown

Angela Cristina Victoriano*

No início do processo dificuldades foi o que mais encontrei, não sabia ao certo o que era para fazer, muitas vezes sentia que estava fazendo errado. Pois até então não tinha compreendido que era isso mesmo, que era através do fracasso que o clown surgiria. Todos nós somos clowns, somos inteligentes, às vezes ridículos, temos os nossos defeitos que quando são manifestados nos fazem rir.

Descobrir o seu próprio clown, ele irá surgir se deixarmos de lado nossas máscaras. Quanto menos tentarmos interpretar um personagem, quanto menos tentarmos se defender, deixar ser surpreendido com as próprias habilidades, isso fará com que o clown aparecerá com mais força. O clown é inocente e puro, quando erra, ele erra de verdade. Deixo a tristeza me contagiar, a alegria explodir até o ponto que ela sai sincera. A sinceridade anda lado a lado com o clown, pois ele não existe sem o ator, não representamos um papel, somos nós mesmos o tempo todo.

Ao descobrir toda essa magia que existe no clown, toda está honestidade atrás de uma máscara tão pequena que é seu nariz, tudo isso me encantou e despertou um lado até em tão desconhecido, fazer com que as pessoas riam. O clown passa uma alegria, não só para quem o assiste, mas também para quem está no seu estado clownesco. Tentar levar esse lado engraçado, fazer com que o público se esqueça um pouco de todos os seus problemas e se distraia com todas as trapalhadas que ele faz, é maravilhoso.

Jacques Lecoq diz que: “O clown toma ao pé da letra, em seu sentido imediato: quando a noite cai (bum!) ele a procura no chão e nós rimos de seu lado idiota e ingênuo. Se alguém lhe manda tomar um ar ele quer segurá-lo com a mão. Todos pregam-lhe peças”.

Ao poder encontrar esse meu lado clownesco pude sentir toda essa sinceridade de cair ao chão, de sentir medo, sentir tristeza e alegria. Tudo isso foi tão sincero que ao final da apresentação estava muito cansada, foi como se todas as minhas energias tivessem sumido, e eu voltasse ao mundo cotidiano onde nós seres humanos não podemos errar.
*Aluna do curso de artes cênicas da UFSC.