O Gênero Horror em Narrativas Seriadas – Diogo Berns
O Gênero Horror em Narrativas Seriadas
Diogo Berns*
A emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do desconhecido”.
(LOVECRAFT, 1987, p. 1)
https://www.youtube.com/watch?v=6l_HeQyKEOU
As narrativas seriadas são conhecidas por serem exibidas semanalmente na televisão e/ou internet na forma de episódios, cujas ações podem ou não continuar no próximo programa. Muitas delas apresentam personagens fixos ao longo de um ou mais anos; outras, toda semana, apresentam um novo enredo com atores diferentes. Nas séries de horror, pode-se observar o mesmo. No entanto, valem-se do artifício mencionado por Lovecraft em que a trama explora o medo do desconhecido. Para isso ser possível, os autores utilizam ações que exprimem um sentimento chave que é a tensão. É por meio dela que o horror é impresso na tela, não apenas através do sangue das vítimas, em diversas vezes mostrado à exaustão, mas, principalmente, pelo caráter psicológico e provocativo que esses enredosapresentam, pois
(…) incerteza e perigo sempre são estreitamente associados, de forma que o mundo do desconhecido será sempre um mundo de ameaças e funestas possibilidades. Quando a esse sentimento de medo e de desgraça se adiciona a fascinação inevitável do espavento e da curiosidade, nasce um corpo composto de emoção exacerbada e imaginativa provocada, cuja vitalidade certamente há de durar tanto quanto a própria raça humana. As crianças sempre terão medo do escuro, os homens de mente sensível ao impulso hereditário sempre tremerão ao pensamento de mundos ocultos e insondáveis de vida diferente que quem sabe pulsam nos abismos, além das estrelas ou sinistramente oprimem o nosso próprio globo em dimensões perversas que somente os mortos e os dementes podem vislumbrar. (LOVECRAFT, 1987, p. 3 – 4)
Um exemplo disso é a série “American Horror Story” (Uma história de Horror Americana), em que cada temporada possui uma trama distinta das demais. A narrativa do primeiro ano apresenta a família Harmon composta pelo psiquiatra Ben (Dylan McDermott), a esposa Vivien (Connie Britton), e a filha adolescente Violet (Taissa Farmiga). Os três se mudam para uma mansão, a fim de reconstruírem suas vidas após Vivien sofrer um aborto e descobrir que o marido tem um relacionamento com outra mulher. Porém, o lugar é assombrado devido a diversos crimes que ocorreram com os antigos moradores. Ao longo da primeira temporada, o passado da casa interfere no emocional dos personagens, pois diversos espíritos que estão presos na mansão influenciam nas atitudes realizadas pelos atuais donos. “American Horror Story” apresenta, durante os episódios, indícios que existiram fatos extremamente chocantes no porão da residência e nos demais cômodos da casa. A série provoca o espectador com imagens impactantes e de forte carga dramática e também com acontecimentos violentos, torturantes e brutais que vem ocorrendo na localidade há décadas. Dia após dia, Ben, Vivien e Violet têm o comportamento alteradopelas ocorrências passadas, modificando até mesmo o modo de se relacionarem. Tal situação ocorre até perceberem que existe algo obscuro, bastante enigmático e maior do que jamais imaginavam existir quando compraram a casa.
Mas, afinal, o que vem a ser o horror? Qual ou quais características são fundamentais para que se classifique uma obra pertencente a esse gênero? Ao longo dos anos, tem-se especulado algumas definições, tanto na literatura quanto no meio audiovisual, com o intuito de se ter uma especificação clara e objetiva que pudesse auxiliar os autores a construírem essas narrativas e até mesmo o público que as aprecia, a fim de tornar mais prático à procura por obras desse gênero. No entanto, observa-se que essa categorização não é simples de ser realizada e nem unânime entre teóricos que estudam essas narrativas, como salienta Gabriel Costa Correia, no artigo “O Gênero Horror e o Arqui-gênero: Subgêneros e transtextualidade em A casa muda, Audition e a Centopeia humana”:
(…) apesar de toda a popularidade alcançada, a categorização de alguma obra dentro do gênero, seja por parte do espectador, leitor, ou do produtor, escritor, dá-se, em grande parte, através de critérios subjetivos, poucos precisos, muitas vezes puramente mercadológicos, e às vezes até intuitivos. Tal falta de precisão não se dá pela falta de empenho dos teóricos (que desenvolvem discussões valiosas sobre o tema), nem pela falta de interesse dos fãs (uma vez que os mesmos possuem um interesse gigantesco em desenvolver complexos níveis de subcategorizações), mas pela própria natureza fugidia do gênero. (2012, p. 32)
Essa dificuldade pode ser constatada na tentativa de classificar determinadas obras audiovisuais a um gênero específico. As séries destinadas à televisão e à internet são exemplos desse impasse, pois cada vez mais os autores combinam elementos de diversos gênerosquando constroem a narrativa. Afinal, esse ato tem por intuito conquistar uma parcela maior de público, inovar a históriae atender aos anseios do novo espectador, moldado pela expansão tecnológica e pela mudança de hábitos na sociedade contemporânea. Uma narrativa de horror, por exemplo, que apavorava centenas de pessoas há décadas, pode ser risível atualmente ou não impactar da mesma forma quando foi exibida inicialmente.
Além de mesclar-se, facilmente, com o terror e o suspense, o horror também engloba narrativas de cunho fantástico, sobrenatural e ficção científica, o que dificulta uma classificação mais precisa acerca do que pertenceria ou não a esse gênero, como aponta Laura Loguercio Cánepa, na tese de doutorado “Medo de quê? – Uma história de horror nos filmes brasileiros”:
(…) está-se usando o termo horror para dar conta das categorias fantástica e estranha, levando-se em consideração o fato de que os conceitos como “sobrenatural”, “misterioso” e “inexplicável” não são necessariamente precisos, como já observava, no século XIX, o próprio Edgar Allan Poe – responsável pelas mais famosas histórias “estranhas” de horror, nas quais pessoas comuns tomavam atitudes monstruosas sem qualquer explicação natural ou mesmo sobrenatural. (2008, p.16)
Seguindo esse exemplo, temos a série “The X-Files” (Arquivo X), cujas nove primeiras temporadas foram exibidas de 1993 a 2002 e a décima, em 2016. Nela, dois agentes do FBI, Fox Mulder (David Duchovny)e Dana Scully (Gillian Anderson), investigam casos relacionados com seres alienígenas, além de temas paranormais e eventos sobrenaturais. Em muitas dessas situações havia sido realizado um inquérito, porém, sem se obter uma explicação plausível. Ao longo da série, eles são novamente revistos pelos dois agentes quando ambos têm contato com criaturas grotescas e ocorrências que, na maior parte do tempo, não existe uma explicação cientifica que possa solucioná-los. O mistério e os frequentes ataques a Mulder e a Scully conferem à obra uma atmosfera sombria marcada por ações de conspiração, fraudes, tentativas de assassinatos por parte do FBI,que tenta encerrar o trabalho da seção em que os dois trabalham. Quanto aos casos, os agentes enfrentam situações enigmáticas que os põem em risco, provocando o espectador a se envolver à narrativa por meio das perseguições, acontecimentos que despertam o sentimento de aversão às criaturas que surgem durante as investigações de Mulder e Scully.
“Supernatural” (Sobrenatural) é outro exemplo de narrativa seriada que faz uso do mistério na construção da trama. Os irmãos Winchester, Dean (Jensen Ackles) e Sam (Jared Padalecki), caçam criaturas sobrenaturaisdurante a jornada que realizam à procura do pai desaparecido e de respostas por quem ou o quê matou a mãe deles e a namorada de Sam. Com onze temporadas, sendo exibida desde 2005, apresenta casos sombrios, intensas perseguições, valendo-se de mitos da cultura estadunidense e de outros lugares do mundo, a série enfatiza a perseguição, a explosão da adrenalina e da ação, buscando na obscuridade a chave para criar uma narrativa de horror que desperta a atenção do público. O drama de dois irmãos que perderam a mãe quando ainda eram crianças e que buscam incansavelmente por respostas do que aconteceu na noite da tragédia, além das dúvidas e incertezas que os casos lhes trazem são elementos essenciais na construção de uma história que utiliza o desconhecido, a tensão, a provocação e o ambiente tenebroso para envolver o público no enredo.
Em “Miracles” (Milagres entre o Céu e o Inferno), o público conhece a história de Paul Callan (Skeet Ulrich), que trabalhava para a Igreja Católica investigando supostos milagres. Após analisar diversos casos e encontrar explicações mundanas para eles, resolve afastar-se por um período. Durante esse tempo, testemunha um milagre que lhe salva a vida. Porém, por faltas de provas, o caso é arquivado, fazendo-o decidir deixar seu trabalho e mais tarde entrar para a Sodalitas Quaerito, uma organização em que trabalham Keel Alva (Angus Macfadyen)e Evelyn Santos (Marisa Ramirez). Com os dois, Paul presencia alguns fatos que lhe trazem ainda mais dúvidas quanto aos mistérios da humanidade ao ter contato com situações fantásticas que desafiam o conhecimento que possui acerca da vida. Miracles teve apenas uma temporada, exibida em 2003, utilizando até mesmo, em alguns episódios, a questão temporal como um fator possível para desenvolver elementos de horror na série, ao fazer o passado imergir no presente, trazendo casos que exploram o medo humano diante dos enigmas da natureza. Além disso, fenômenos paranormais fazem parte do trabalho dos investigadores que precisam lidar com as situações, tentando não serem afetados emocionalmente pelas experiências que vivenciam ao longo da jornada.
Devido essa característica do horror de ser construído de inúmeras formas e com diversos elementos narrativos, é possível dizer que seja mais enriquecedor desenvolver as narrativas através da perspectiva anunciada por Howard Phillips Lovecraft, no livro O Horror Sobrenatural na Literatura.
Segundo o autor:
Naturalmente não podemos esperar que todos os contos de horror se conformem de modo absoluto a um modelo teórico. As mentes criadoras diferem entre si, e as melhores tessituras têm seus pontos fracos. (…) O mais importante de tudo é a atmosfera, pois o critério final de autenticidade não é um recorte de uma trama, mas sim a criação de uma determinada sensação. (1987, p. 5)
Por isso, desenvolver as narrativas seriadas com caráter provocativo é uma boa sugestão para construir plots que podem se estender por muitas temporadas, aumentando a durabilidade das séries. Essa provocação, em muitos casos, é encontrada através de inserção de pistas falsas que aumentam a tensão na narrativa e prende a atenção do espectador, pois, de modo geral, se tem a percepção de que algo muito grave irá acontecer. Porém, a situação volta à normalidade. Tudo se acalma para depois novamente o ápice ser atingido. Nesse jogo entre tensão e repouso, encontra-se a profundidade do horror: provocar mais do que mostrar, agindo sem expor o corpo sendo dilacerado, esmagado; mas instigando a audiência a envolver-se na narrativa por meio das ações dos personagens que são interrompidas no momento de forte impacto, conhecido como elipses, que criam no imaginário do espectador o processo de como a ação foi concretizada. Essa parece ser a mais rica e promissora característica das narrativas de horror.
O envolvimento do público com a narrativa ocorre porque o espectador, em muitos casos, já espera por situações típicas apresentadas em enredos do gênero horror. A audiência sente a necessidade de assistir novamente algumas situações apresentadas em outras narrativas audiovisuais. Segundo Noel Carroll, um dos teóricos do gênero horror, isso ocorre porque “Como muitos gêneros, a estrutura das histórias nas narrativas de horror é muito previsível – mas essa previsibilidade não impede o interesse da audiência (na verdade, o público parece desejar que as mesmas histórias sejam contadas repetidamente”[1] (1990, p. 98). Os ambientes sombrios; a figura de um ser ameaçador; as evidências falsas do enigma espalhadas ao longo da narrativa; sangue esparramado e/ou escorrendo de algum local; a presença de ruídos estranhos, a morte de um personagem após cometer um desvio moral, a dificuldade de comunicação com o meio externo, a separação do grupo para buscar pistas do que esteja acontecendo são exemplos de situações características dessas tramas.
Os recursos cênicos também são importantes para criar a atmosfera do referido gênero. O tom sombrio dos cenários, como uma escadaria e um corredor longo e vazio, e os objetos de cena, que podem lembrar situações de tortura e/ou algo sobrenatural, são exemplos de detalhes que auxiliam na construção do mistério, poisconferem maior verossimilhança à narrativa e transmitem ao espectador uma atmosfera sombria e enigmática. A acentuação da trilha sonora que explode, quando o monstro, o assassino ou o desconhecido aproxima-se da vítima, é bastante significativa para a trama, pois ela se inicia lenta, em tom grave, conferindo profundidade psicológica à cena. A sequência torna-se assustadora com os passos vagarosos da vítima, que não vê o assassino atrás dela. A audiência sofre com a pessoa perseguida, vendo-a cair no chão, agonizar-se, gritar em meio a um tumulto, e ninguém a ouve e, tampouco, visualiza-a desesperada por ajuda. No entanto, é preciso ressaltar que todas as situações e recursos cênicos mencionados anteriormente devem ser cuidadosamente organizados, a fim de atribuir verossimilhança ao enredo, pois, do contrário, as sequências tornam-se risíveis e não provocam o horror almejado pela trama.
A reiteração de fatos, clichês e estruturas narrativas pode explicar uma das razões do referido gênero continuar presente na contemporaneidade, pois, ao mesmo tempo, em que muitas histórias acabam sendo consideradas arcaicas, o horror pode ser ampliado com a adição de novos repertórios e transformações ocorridas na sociedade.
O século XX veria, por uma série de razões, uma massificação do horror, incorporando novos conceitos além do “sobrenatural”. A realidade – após várias guerras, eventos de destruição em massa e manifestações de barbárie social – passaria a incluir também a violência inesperada, o estranhamento do outro, a pressão crescente pelo consumismo e pelas novas relações de produção, transformando a vida diária num potencial pesadelo. (CÁNEPA, 2008, p. 38)
Isso pode ser observado na série “Scream Queens”, exibida desde 2015 em que, apesar da repetição de alguns elementos do gênero horror, a narrativa procura modificar e/ou recombinar alguns recursos com a intenção de gerar uma quebra de expectativa. A história gira em torno de assassinatos envolvendo a fraternidade Kappa Kappa Tau, composta por jovens universitárias. O grupo tem como líder Chanel Oberlin (Emma Roberts), que enfrenta a reitora Cathy Munsch (Jamie Lee Curtis) que tenta fechar a fraternidade. Não conseguindo de imediato, ela faz com que Chanel e as demais aceitem quaisquer candidatas que desejam entrar. Entre elas está Grace Gardner (Skyler Samuels), cuja mãe foi uma integrante da Kappa Kappa Tau e morreu no nascimento da filha, sem esta saber. A série busca criar a relação entre as jovens e os demais estudantes da universidade de Wallace, valendo-se da comédia, ao explorar situações exageradas e cômicas. O assassino em série, vestido com uma capa vermelha, fazendo referência ao diabo, é o elemento do horror na história. Ele procura matar os que estão ligados ao grupo das jovens, criando tensão enquanto vigia as vítimas e no momento em que se aproxima delas. Além disso, a presença desse ser desperta a curiosidade do público, envolvendo-o no enigma que cerca os assassinatos e na trama dos personagens da universidade que, mesmo possuindo um teor cômico, apresentam segredos que auxiliam na criação de um enredo mais atraente e provocativo.
Delimitar o horror a uma mera fórmula e/ou tentar defini-lo elencando algumas características é reduzir a própria natureza desse gênero que consegue ser construído através de elementos combinados com outras espécies de narrativas. Essa associação é uma dos atributos mais atraentes das histórias com esse viés, pois o horror pode ser elaborado com recursos de diferentes espécies de enredos, especialmente em uma época em que as histórias são contadas em diversas plataformas para inúmeras pessoas ao redor do mundo. O horror, assim como os demais gêneros, necessita se reformular. Para isso, não é necessário que se deixe de utilizar elementos desses enredos, mas que sejam criados novos dimensionamentos a eles, sobretudo, porque essa é uma necessidade da audiência. Sabe-se também que a atmosfera sombria tanto da história quanto dos recursos cênicos contribui para que o gênero possa ser identificado nas tramas seriadas, mesmo elas sendo categorizadas como pertencentes a outras classificações. O mais importante nesse caso não é a catalogação, mas o fato de que quando os autores desenvolvem as sequências em que fazem uso da tensão e da provocação é um caminho para que o horror possa emergir na narrativa, seja como um único gênero presente naquela cena ou combinado com outros que potencializam ainda mais a obra seriada.
Referências Biográficas
CÁNEPA, Laura Loguercio. Medo de quê? – uma história do horror nos filmes brasileiros. 2008. 469 f. Tese (Doutorado em Multimeios) – Instituto de Artes da UNICAMP, São Paulo, 2008.
CARROLL, NOEL. The philosophy of horror or paradoxes of the heart. New York, Routledge, 1990. 269 p.
CORREIA, Gabriel Costa. O Gênero Horror e o Arqui-gênero: Subgêneros e transtextualidade em A casa muda, Audition e a Centopeia humana. CAMBIASSU, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, ISSN 2176 – 5111 São Luís – MA,n. 11, p. 31 – 40. jul/dez. 2012.
LOVECRAFT, Howard Phillips. O horror sobrenatural na literatura. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. 160 p.
Referências Audiovisuais
AMERICAN HORROR STORY – Série. Prod (1ª temp.): Ryan Murphy, Brad Falchuk, Dante Di Loreto. FX Network, Ryan Murph Productions, 20th Century Fox Television. Estados Unidos, 2011. FX.
MIRACLES – Série. Prod (1ª temp.): David Greenwalt. Disney – ABC Domestic Television. Estados Unidos, 2003. ABC.
SCREAM QUEENS – Série. Prod: Robert M. Williams Jr, Barry Berg, Alexis Martin Woodall. Fox Network. Estados Unidos, 2015 – até o momento. Fox Broadcasting Company.
SUPERNATURAL – Série. Prod: Todd Aronauer, Vladimir Stefoff, Cyrus Yavneh. Warner Bros Television. Estados Unidos, 2005 – até o momento. The C.W.
THE X-FILES – Série. Prod: Chris Carter, Daniel Sackheim. 20th Century Fox Television. Estados Unidos, 1993 – 2002; 2016. Fox Broadcasting Company.
* mestrando no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina. É formado em Cinema pela mesma instituição. Atua como Roteirista de games para ensino à distância.
[1]“Like many genres, the story lines in horror narratives are very predictable — but that predictability does not deter the horror audience’s interest (indeed, audiences would appear to desire that the same stories be told again and again)”