DOS NOMES – Paulo Henriques Britto

DOS NOMES*

Paulo Henriques Britto

 

Os nomes se enchem aos poucos.

Um dia eles perdem o estofo,

aos poucos, ou então de repente.

Então ficam ocos.

 

O mundo está sempre se enchendo

de cascos vazios desse tipo.

Inúteis. No entanto, assim mesmo

continuam sendo,

 

ocupando tempo e lugar,

iludindo quem os assume,

prestando falso testemunho

do que já não há.

 

E o mundo se presta a essa farsa.

É como se já não bastassem

as coisas e os nomes de coisas

que as coisas disfarçam.

 

E há quem (imagine!) ache pouco,

e abrace esses nomes sem estofo

e diga e rediga esses ocos

feito louco.

 

O poema integra o livro Nenhum Mistério (Cia das Letras)