Con Azorín, muere del todo la generación del 98, de Vicente Aleixandre – Tradução de Rodrigo Conçole Lage

Con Azorín, muere del todo la generación del 98[1], de Vicente Aleixandre

                                                                                   Tradução de Rodrigo Conçole Lage[1]

 

Azorín

Con Azorín, muere del todo la generación del 98 é um pequeno artigo publicado no jornal ABC, no dia 3 de março de 1967, pelo poeta Vicente Aleixandre, ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1977, devido à morte do romancista, ensaísta, dramaturgo e crítico literário José Augusto Trinidad Martínez Ruiz, mais conhecido como Azorín.

Além dele, Aleixandre já havia publicado sobre o escritor, neste mesmo ano, no número 417 da revista Atenea, do Chile, o artigo Azorín en dos tempos. E, com este mesmo nome, em 1985, foi publicado um capítulo do livro Los encuentros.  Esse pequeno conjunto de textos, segundo Pedro Ignacio López Garcia[2] (1998, p. 334), engloba todos os escritos do poeta sobre escritor.

 

Com Azorín, morre de todo a geração de 98[3]

Vicente Aleixandre

 

Se «Azorín» foi antes de tudo o criador de uma nova sensibilidade na escrita espanhola, creio que somos, os que escrevemos em verso, os que mais devemos a este mestre da prosa, que com ela inaugurou, ele também, um novo estremecimento. As gerações têm-se sucedido e era comovente ver, ainda, esta figura viva, mas não exatamente sobrevivente. Sua permanência era justa, e não tanto pela admirável originalidade de sua criação quanto pela surpreendente sintonização de seu centro com a preocupação mais impregnante de nossa época. O signo da «temporalidade» que hoje domina qualquer visão da filosofia e a arte achava, mais que uma satisfação, uma sutil correspondência na aura que banhou toda a obra azoríniana e a fez alcançar fresca e pulsante, muitas vezes socorredora, refletidora sempre, ao homem afluente[4] de nossos dias.

Ao morrer «Azorín» nos morre de todo a geração do 98. Esta consciência torna mais doloroso o duelo de nossa literatura, que tão solidaria nos parece com ele através dos séculos.

 

Con Azorín, muere del todo la generación del 98

Vicente Aleixandre

 

Si «Azorín» fue ante todo el creador de una nueva sensibilidad en la escritura española, creo que somos los que escribimos en verso los que más le debemos a este maestro de la prosa, que con ella inauguró él también un nuevo estremecimiento. Las generaciones se han sucedido y resultaba conmovedor ver todavía esta figura viva, pero no exactamente sobreviviente. Su permanencia era justa, y no tanto por la admirable originalidad de su creación cuanto por la sorprendente sintonización de su centro con la preocupación más impregnante de nuestra época. El signo de la «temporalidad» que hoy domina cualquier visión de la filosofía y el arte hallaba, más que una satisfacción, una sutil correspondencia en el aura que bañó toda la obra azoriniana y la hizo alcanzar fresca y latiente, muchas veces acorredora, reflejadora siempre, al hombre afluyente de nuestros días.

Al morir «Azorín» se nos muere del todo la generación del 98. Esta conciencia hace más doloroso el duelo de nuestra literatura, que tan solidaria nos parece con él a través de los siglos.

 

[1] Graduado em História (UNIFSJ). Especialista em História Militar (UNISUL)

[1] Disponível em: <http://www.abc.es/hemeroteca/historico-07-10-2001/abc/Cultura/con-azorin-muere-del-todo-el-98br(publicado-el-3–3-1967)_51344.html#>. Acesso em 18 jan. 2017.

[2] GARCIA, Pedro Ignacio López. Azoríz y las vanguardias (Su recepción de lo nuevo: 1923-1936). Tese (Doutorado em Filologia Espanhola) – Universidad Complutense de Madrid, Madrid, 1998. Disponível em: <http://eprints.ucm.es/3991/>.

[3] Segundo a Wikipédia: “A Geração de 98 (Generación del 98 em espanhol) é a denominação atribuída a um grupo de escritores, ensaístas e poetas espanhóis que se viram profundamente afetados pela crise moral, política e social na Espanha subsequente à derrota militar na Guerra Hispano-Americana e a consequente perda de Porto Rico, Cuba e Filipinas em 1898. Todos os autores englobados nessa geração nasceram entre 1864 e 1875. Inspiraram-se na corrente crítica do canovismo denominada regeneracionismo e ofereceram uma visão artística em conjunto em La generación del 98. Clásicos y modernos”. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_de_98>.

[4] Metáfora que pode estar relacionada a ideia de “sociedade afluente” presente no livro The Affluent Society, de John Kenneth Galbraith, publicado em 1958. Nesse caso, seria o homem que vive na sociedade de consumo. Aquele que, em vez de satisfaz as necessidades fundamentais, gasta seu dinheiro em coisas triviais, no luxo, podemos dizer, devido a superabandancia que vive.