Alice – retrato de mulher que cozinha ao fundo – Marina Corazza

Alice – retrato de mulher que cozinha ao fundo

Marina Corazza

Basket! Basket! Basket, Basket!
Basket! Basket?
Ah não, não, não, isso eu não poderia fazer.
Basket! Basket, Basket.
Não, não, simplesmente não será possível.
Basket!
Não, isso eu não posso fazer.
Basket!
Ela já está escrita. Gertrude Stein já escreveu a minha autobiografia.
Basket! Basket! Basket! Basket!
Ela tinha um cão, o cão era quase cego não de idade mas de nascença e Ida chamava-lhe Amor, gostava de o chamar como é natural e Ida chamava-lhe Amor. Gostava de ficar com ela mesmo que Ida não o chamasse.
Estava escuro de manhã todas as manhãs mas como o Amor era cego não lhe fazia diferença nenhuma. Tinha nascido assim cego muitos cães nascem cegos. Mas apesar de cego ela podia falar com ele sempre que quisesse.
Um dia disse. Presta atenção, Amor, mas presta atenção a tudo e presta atenção quando eu te disser alguma coisa.
Sim Amor disse-lhe ela, eu fui sempre a tua dona mas agora vai ter duas donas, porque eu vou ter uma gêmea sim Amor vou, estou farta de ser só uma e quando eu for gêmea uma de nós pode sair e a outra ficar em casa, sim Amor eu vou eu vou ter uma gêmea.
Eu sou assim Amor você sabe quando tenho que ter uma coisa tenho que ter. E vou ter uma gêmea, sim Amor.
Basket!
Presta atenção, Sr. Katz! O senhor está me acompanhando, Sr. Katz?
Para seis pombos, corte 250 g de porco salgado em cubos pequenos, coloque-os numa caçarola pesada, com seis colheres de sopa de manteiga, ponha os pombos na caçarola, doure de leve, tampe e cozinhe por uma hora virando e regando frequentemente. Enquanto, não eu não poderia fazer isso. Enquanto os pombos estiverem cozinhando, lave e seque com cuidado 1 kg de cogumelos. Pique-os em finas fatias e passe por uma peneira grossa, cozinhe em fogo alto com 125 gramas de manteiga porque Gertrude Stein já escreveu a minha autobiografia cozinhe na manteiga até que o líquido tenha evaporado. Reduza o fogo e junte duas xícaras de molho branco grosso e uma xícara de creme de leite. Ela já está feita, desculpe, mas eu não posso fazer nada. Espalhe em seis fatias de pão, que foram ligeiramente douradas na manteiga, o purê de cogumelos. Retire o excesso de gordura do suco que se formou na caçarola, acrescente duas colheres de molho madeira, leve à fervura e jogue sobre os pombos. Espalhe o purê de cogumelos nos croutons. Ponha os pombos nos croutons. Retire a gordura de cima dos sucos na caçarola, leve à fervura e despeje em cima dos pombos. O sal ela se chama A Autobiografia de Alice B. Toklas, escrita por Gertrude Stein, o sal para este prato vai depender da quantidade de sal do porco. Serve seis ou doze pessoas, dependendo do tamanho dos pombos. O que eu posso fazer é escrever um livro de receitas.
Gertrude era a caçula de cinco irmãos. Ela dizia que como bebê da família tinha privilégios. O privilégio de ser a favorita o privilégio de ser a caçula. Se isso acontece não se perde pelo resto da vida lá está você você é privilegiada, ninguém pode fazer nada a não ser cuidar de você. Ela dizia “era assim que eu era e é assim que ainda sou e qualquer um que seja assim gosta disso inevitavelmente. Eu gostava e ainda gosto.” E ela gostava muito de fotógrafos também, quando estávamos na América para suas conferências ou em Londres, em Cambridge, não importa, um fotógrafo veio e disse que o haviam mandado para que fizesse um layout sobre Gertrude.
– Um layout? ela disse
– Sim.
– O que é um layout?
– São quatro ou cinco fotografias de você fazendo alguma coisa.
– Muito bem. E o que você quer que eu faça?
– Bem, aí está a sua mala de viagem digamos que você está desfazendo a mala.
– Oh não, é a Senhorita Toklas quem sempre faz isso, oh não eu não poderia fazer isso.
– Bem, aí está o telefone, digamos que você fale ao telefone.
– Bem, mas eu nunca faço isso. É a Senhorita Toklas quem o faz. Eu não poderia falar ao telefone.
– Bem, e o que você pode fazer, então?
– Bem, eu posso colocar o chapéu e tirar o chapéu e vestir o casaco e tirar o casaco e gosto de água posso beber um copo de água. Bem, eu posso sim colocar e tirar o chapéu e vestir e tirar o casaco e gosto de água posso sim beber um copo de água. Veja, eu posso colocar o chapéu e o casaco e tirar o chapéu e o casaco gosto de água, sim, gosto de água.
Oh não isso eu não poderia fazer, quem sempre faz isso para mim é Senhorita Toklas.
Oh não isso eu não poderia fazer porque Gertrude Stein já escreveu a minha autobiografia, desculpe, quanto a isso eu não posso fazer nada. O que eu poderia fazer isso sim é escrever um livro de receitas. O que você acha?
Vocês querem ouvir uma historia, sim claro, todos queremos ouvir historias. Todos queremos ouvir uma historia que tenha um começo que tenha um meio que tenha um fim e que comece.
Todos queremos ouvir e contar e nos ouvir contando historias que sejam exatamente tudo aquilo que as historias não são todos queremos ouvir e contar e nos ouvir contando historias que sejam exatamente aquilo tudo que elas são. No conto Ada, por exemplo, Gertrude Stein descreve muito bem o meu retrato: “Ela estava contando para uma pessoa, de quem estava amando todas as histórias que eram encantadoras. Uma pessoa que estava vivendo estava quase sempre escutando. Uma pessoa que estava amando estava quase sempre escutando. Aquela pessoa que estava amando estava quase sempre escutando. Aquela pessoa que estava amando estava contando sobre ser uma pessoa e então escutar. Aquela pessoa que estava amando estava então contando histórias que tinham um começo e um meio e um fim.”
Um fim.
Tia Pauline resistiu mais um ano e um dia. Quando passávamos na frente do Palácio de Luxemburgo, ela parou de repente. Tudo o que Gertrude tentou foi inútil. Não havia forma de fazê-la se mover. Rapidamente fomos rodeadas por uma multidão divertida e por meia dúzia de policiais não tão divertidos. Um deles nos perguntou se não sabíamos que era uma infração obstruir a entrada de um edifício público, e mais ainda do Senado, de onde se esperava a qualquer momento a vinda do primeiro ministro. De fato, alguns soldados sobre motocicletas haviam chegado e já atrás deles podíamos ver um grande carro com mais escolta. Saímos de Tia Pauline e a polícia a tirou do caminho; o grande carro passou bem perto dela com a belíssima cabeça do senhor Poincaré para fora da janela para ver a causa de tal comoção.
Abandonamos Tia Pauline do pior modo e nos dirigimos à casa a pé.
Gertrude telefonou para a oficina para que recolhessem Tia Pauline e a arrumassem imediatamente. A resposta que tivemos no dia seguinte era que ela não poderia mais ser consertada. Sem se abalar, Gertrude foi à oficina com um de nossos bons amigos. Ele então disse que poderia levar Tia Pauline para a garagem de sua casa de campo onde havia bastante espaço para ela. Ali Tia Pauline teria um lugar de honra como souvenir da primeira guerra. Suas peripécias durante a guerra foram temas das conversas que duraram todo o inverno. Ainda se encontra lá, mas nunca mais tive coragem de ir vê-la.
Não importa qual fosse o sacrifício, era impensável que nós duas estivéssemos sem carro. Para nosso desespero, praticamente não existiam Fords na França, mas Gertrude conseguiu arrancar de um vendedor a promessa de que teríamos um. Então conseguimos um. Enquanto dirigíamos nossa nova aquisição para uma garagem segura na vizinhança, eu reparei que ela estava completamente nua. Não havia nada em seu painel de instrumentação, nem relógio, nem cinzeiro, nem acendedor de cigarros. Godiva! Foi a resposta de Gertrude, Godiva! Godiva cavalgando toda nua. Godiva cavalgando toda nua pelas ruas de Coventry. Godiva cavalgando toda nua pelas ruas de Coventry sobre seu cavalo branco. Godiva!
Espalhe 250 gramas de manteiga pelo frango e o coloque num forno holandês no fogo médio lembrando-se de vira-lo de vez em quando quando estiver ligeiramente dourado por todos os lados reduza o fogo e tampe-o um quarto de hora depois acrescente 250 gramas de cogumelos fervidos previamente em água morna escovados e bem lavados 250 gramas de toucinho fervido e bem escorrido sal e pimenta tampe-o e deixe cozinhar a fogo baixo por três quartos de hora dependendo do tamanho do frango quando estiver pronto retire-o do fogo coloque o frango em uma travessa para ser servido retire os cogumelos do molho com uma escumadeira e coloque-os ao redor do frango depois jogue um pouco do molho e devolva a travessa para o forno misture uma taça de vinho branco ao restante do molho ferva sem tampar por cinco minutos queridos Gertrude estava tão furiosa ela estava tão assustada e imprecisa parece até voltamos no tempo a trinta anos atrás quando sua literatura era atacada por todos os lados no início da tarde ela me perguntou:
– Qual é a resposta?
E eu fiquei em silêncio.
– Neste caso,
Ela disse
– Qual é a pergunta?
Mais a tardinha levaram ela em uma maca para a sala de cirurgia e eu nunca mais a vi.
Apesar de Lady Godiva ser chamada ironicamente por um amigo de carro de cavalheiros, ela nos levou ao interior dos bosques e campos que Tia Pauline também tinha nos conduzido. Para estes passeios havia todo o tipo de piquenique que eu costumava preparar. Receita para um primeiro piquenique:
Kiss my lips. She did.
Kiss my lips again she did.
Kiss my lips over and over and over again she did. Eu tenho uma penugem. Peixes macios.
Você pensa sobre os damascos? Bem, nós achamos que eles são muito bonitos. E não é somente sua cor, é sua parte interna nos encanta.
Levantar o ventre é tão estranho.
Eu vim falar sobre isso. Passas selecionadas, bem, seu suco suco tão bom.
Mude seu nome.
Question and garden. Está chovendo. Não fale sobre isso.
Eu acho a manteiga tão gostosa.
Levantar o ventre é tão doce.
You did want me.
Say it again.
Strawberry.
Lifting beside belly.
Lifting lindly belly.
Sing to me I say.
Algumas são esposas não heróis.
Sing to me I say.
Levantar o ventre. Uma reflexão.
Ajustar-se para.
Eu caibo no seu chapéu.
E você.
“Antes de resolver escrever o livro sobre meus vinte e cinco anos com Gertrude Stein, muitas vezes eu disse que escreveria: As esposas de gênios com as quais me sentei. Sentei-me ao lado de tantas. Sentei-me com esposas que não eram esposas, de gênios que eram gênios de verdade. Sentei-me ao lado de esposas de verdade de gênios que não eram gênios de verdade. Sentei-me ao lado de esposas de gênios, de quase gênios, de pretensos gênios, em resumo me sentei muitas vezes e por muito tempo ao lado de muitas esposas e esposas de muitos gênios.” E é mais ou menos assim que começa a minha autobiografia, escrita por Gertrude Stein.
Na minha autobiografia, escrita por Gertrude, eu também digo que “Posso dizer que só três vezes na vida encontrei gênios e a cada vez um sino tocou dentro de mim e eu não estava errada, e posso dizer que em cada caso foi antes do reconhecimento geral da qualidade de gênio neles. Os três gênios de quem eu falo são Gertrude Stein, Pablo Picasso e Alfred Whitehead. Conheci muitas pessoas importantes, conheci várias grandes pessoas, mas só conheci três gênios de primeira classe e em cada caso imediatamente alguma coisa ressoou dentro de mim. Em nenhum dos casos me enganei. E assim começou uma nova vida cheia para mim.”
– Que estranha coincidência, Alice, acabei de ver seu corpete cor de cereja voando pela janela do trem.
– Ah, sim, querida Harriet, o que mais se pode fazer com esse calor?
O senhor está me acompanhando, Sr. Katz?
Querido Bobsie, durante a Segunda Guerra, com medo que sua obra se perdesse, Gertrude enviou seus manuscritos e toda sua correspondência de 40 anos e suas fotografias para a Universidade de Yale e eu estou aqui com parte desse material que me foi trazido de volta para classificar e seus manuscritos são tão incríveis e eles me trouxeram de volta todos aqueles felizes felizes dias de um modo tão vívido e eu estou tão ocupada datilografando. Eu me levanto bem cedo todos os dias e ainda há muito por fazer, tudo tem que ser organizado o mais rápido possível. Baby querida, não, não, por favor, não misture tudo assim. Aqui estão as cartas ordenadas cronologicamente de acordo com seus remetentes. Não Baby, por favor, não não misture. Nessa gaveta estão os manuscritos, não jogue tudo dentro da, da mesma mala. Por favor, Baby. Há uma lógica nisso tudo, Baby, há um início, depois um meio e Senhorita Stein, aconselho que fique atenta ao carburador. Baby, bilhetes como este de nosso mecânico… recibos da lavanderia… nosso dentista…
Nunca se pode dizer que uma lista de roupas para lavar não seja a coisa mais importante. Foi a resposta de Gertrude.
Querido Sam,
Eu queria tanto que nós duas tivéssemos partido juntas… sempre achei que fosse ser assim, que bobagem, num bombardeio, num naufrágio… qualquer coisa, menos isso. Mas agora, Basket e eu ficamos aqui sozinhos. Então, se você vier nos visitar tentaremos recebê-lo lindamente na casa de Gertrude. Carinhosamente, Alice.
Meu querido, querido Carl,
Sua longa carta chegou a três dias mas só agora encontrei um bom momento para respondê-la. (O jornal não veio e Basket me puxou e meu dedo ficou preso na porta e não me restou muita coragem para seguir a diante e agora que tudo isso foi dito, nós esqueceremos sobre tudo isso e começaremos tudo de novo.)
Virgil vai deixar a Europa daqui a dez dias pelo que eu entendi (ele ainda está na Alemanha) e ele levará para você algumas coisas de Baby – quantas coisas dependerá de quanto espaço ele terá – mas com certeza o selo coral de A rose is a rose is a rose is a rose será seu, porque isso não precisa de espaço nenhum – têm tantas outras coisas que devem ficar com você – e tem um casaco chinês e uma saia (que os alemães só não encontraram porque os colocamos anos atrás em uma parte bem alta do armário) é para Fania, para ser usada por ela. Oh Carl é possível que tanta perfeição tanta felicidade e tanta beleza tenham existido e agora não existam mais. Talvez seja melhor eu levar Basket para um passeio e postar essa carta antes que comece a chover – o tempo está horrível – o sol nunca aparece. Aquela pessoa que estava amando estava quase sempre escutando. Aquela pessoa que estava amando estava contando sobre ser uma pessoa e então escutar. Aquela pessoa que estava amando estava então contando histórias que tinham um começo e um meio e um fim.
Um meio
Quando em 1916 Gertrude Stein começou a dirigir Tia Pauline para o Fundo Americano para os Feridos Franceses, embora não fosse experiente, era uma motorista responsável. Sabia como fazer tudo, menos dar marcha ré. Dizia que seria como o exército francês, e que nunca teria que fazer tal coisa. Uma vez, pediram que fizéssemos uma entrega num hospital militar em Montereau, onde almoçaríamos depois da visita ao hospital. Já era tarde quando acabamos a entrega e o pátio da estalagem estava cheio de carros militares. Quando Gertrude Stein propôs deixar Tia Pauline (foi assim que nosso caminhão de entregas foi batizado, Tia Pauline), quando Gertrude propôs deixar Tia Pauline na entrada do pátio, protestei.
– Baby, está fechando a saída dos carros.
– Mas, Alice, não podemos deixar Tia Pauline na estrada.
Bem, a grande sala de jantar estava cheia de oficiais. O almoço, para tempos de guerra até que estava bom. E esperávamos o café quando um oficial se dirigiu até nossa mesa,
– O caminhão com a Cruz Vermelha na entrada do pátio pertence a vocês?
– Oh sim (respondemos orgulhosas em uníssono).
– Infelizmente, está barrando a saída, de modo que nenhum dos carros no pátio pode sair. Receio ter que pedir que deem marcha ré.
– Ah não! Isso, isso eu não poderia fazer. (exclamou Gertrude)
Gertrude também não gostava de ir a escritórios – dizia que eles eram detestáveis. Então, para substituí-la, apresentei-me com os papéis oficiais dela e permiti que o major responsável me chamasse de Senhorita Stein. Que diferença faria para ele? Éramos apenas duas judias americanas trabalhando pelos feridos franceses. Depois de um tempo ficamos muito amigos até que ele me disse “Senhorita Stein, minha mulher e eu gostaríamos de saber se vocês duas aceitariam jantar conosco numa noites dessas.”
Era tempo de ele saber quem eu era.
Então ele recuou na cadeira violentamente, o que me alarmou, e disse: “Madame, há alguma coisa de muito sinistro nisso tudo.”
Minha explicação não o tranquilizou completamente, mas Gertrude Stein, esperando na Tia Pauline, lá embaixo, na rua, o faria. A inocência alegre dela foi convincente e o convite do major reiterado e aceito.
O quanto você conhece o meu trabalho eu não sei. Acho que talvez seja bom que eu fale dele todo. Começando a escrever escrevi um livro chamado Três Vidas esse foi escrito em 1905. Escrevi uma estória de negros chamada Melanctha. Nela havia um recorrer e um começar constante ali havia uma direção marcada na direção de estar no presente embora naturalmente eu tenha sido acostumada ao passado presente futuro, e por que, porque a composição formando-se à minha volta era um presente prolongado. Uma composição de um presente prolongado é uma composição natural no mundo como tem sido nesses trinta anos era cada vez mais e mais um presente prolongado. Criei então um presente prolongado naturalmente eu não sabia nada de um presente contínuo mas me veio naturalmente criar um, era simples era claro para mim e ninguém sabia por que foi feito assim, nem eu mesma embora naturalmente para mim fosse natural. Depois desse fiz um livro chamado The Making of Americans é um livro longo de umas mil páginas.
Aqui novamente era tudo tão natural para mim e cada vez mais e mais complicadamente um presente contínuo. Um presente contínuo é um presente contínuo. Fiz quase mil páginas de um presente contínuo. O presente contínuo é uma coisa e começar de novo e de novo é outra coisa.
Um começo.
Os livros de cozinha sempre me intrigaram e me seduziram. Quando eu ainda era uma simples amadora, eles já chamavam a minha atenção, do princípio ao fim, da mesma maneira que Gertrude Stein se interessava pelas histórias de crimes e assassinatos.
Quando começamos a ler Dashiell Hammet, Gertrude Stein ressaltou que sua grande novidade era que ele matava suas vítimas antes mesmo da história começar. Deus sabe quantas mortes eram necessárias serem seguidas como resultado do primeiro crime. E na cozinha acontece exatamente o mesmo. Assassinato e morte repentina parecem tão fora do lugar aqui como em qualquer outra ocasião. Ambos não podem, não podem nunca tornarem-se fatos aceitáveis. Comer é algo extremamente prazeroso para ser combinado com o horror. Porém, fatos, mesmo fatos desagradáveis, devem ser aceitos e nós veremos aqui como, antes que qualquer história sobre cozinha comece, o crime é inevitável. É por isso que cozinhar não é sempre um passatempo completamente prazeroso. Tem muita coisa que deve acontecer antes de realmente se começar a cozinhar. Está me acompanhando, Sr. Katz?
Contando para aquele jovenzinho de rosto inocente, ele escutando tudo tão docemente, não acreditando muito naquilo tudo, mas acreditando ou não, achando tudo aquilo uma diversão de férias. Tão pouco vivido aquele rosto. Eu pensei. Que jovem triste, que parecia tão feliz. Contando pra ele tudo aquilo, oh, as perguntas, e eu mentindo um pouquinho, mas ele sabia, e ele trouxe tudo aquilo de volta, puxando todos aqueles nomes, ele trouxe de volta – lindos momentos. Lindos, lindos!
May, Senhor Katz? O que o senhor quer saber sobre May? May não interessa, senhor Katz. Leo Stein, sim, o que tem ele? Veja, senhor Katz, realmente não sei porque me pergunta algo assim. Todas as coisas são bastante simples e claras: Gertrude é muito apegada a seu irmão Leo, eles começam a primeira coleção de arte moderna, Leo não é, como podemos dizer, não é lá muito encantado por Picasso. Leo e Gertrude brigam e decidem dividir a coleção. Leo vai morar na Itália, Gertrude e eu permanecemos em Paris na Rue de Fleurus. Picassos para Gertrude, Matisses e Cézannes para Leo. Gertrude sofre muito com a ausência das maças de Cézanne, Picasso diz “Deixe disso. Eu pinto outras para você”. E pinta. Veja, senhor Katz, quando se sabe que o mundo é redondo e que o espaço é ilimitado, bem, porque falar mais a respeito do assunto. Fatos são fatos. É um fato, então, vamos saber dele mas não lembrá-lo. Então é assim. Ah sim, Leo e Gertrude não se veem mais, sim, nunca mais. Uma vez. Mas falemos sobre algo alegre, algo alegre, senhor Katz, vamos, algo que nos divirta, sim?
Para estimular qualquer um em um dia chuvoso. Esta á a comida do Paraíso. Do paraíso artificial de Baudelaire.
Poderia proporcionar um entretenimento refrescante às damas de um clube de brigde. No Marrocos afirmam que é recomendado para proteger-se do frio em meio ao tempo úmido do inverno e faz, de fato, mais efeito se consumido junto a grandes quantidades de chá quente de menta. É esperado com satisfação que se produza euforia e tempestades brilhantes de risos; devaneios de êxtase e a extensão da personalidade de qualquer pessoa em inúmeros planos simultâneos. Quase tudo o que Santa Teresa fez, você pode fazer melhor se puder suportar seu ser possuído em uma espécie de desmaio acordado.
Pegue uma colher de chá de pimenta do reino, rale uma noz moscada inteira, rale quatro bastões médios de canela e uma colher de chá de coentro. Tudo isso deve ser misturado. Pique também um pouco de tâmaras sem caroço, figos desidratados, amêndoas sem casca, amendoim e misture tudo. Triture também um punhado de cannabis.
Amasse e misture tudo muito bem. Acrescente uma xícara de açúcar dissolvido em uma porção generosa de manteiga. À massa, pode se dar a forma de biscoitos, cortá-la em pedaços ou fazer com ela bolinhas do tamanho de uma noz. É conveniente comer com cuidado. Dois pedaços são suficientes. Pode ser que encontrar a erva apresente certa dificuldade, mas a variedade conhecida como cannabis sativa cresce como mato, frequentemente sem ser reconhecida, por toda parte da Europa, Ásia e partes da África. Na América, embora seja proibido, sua prima, cannabis indica, tem sido observada até em floreiras das janelas de muitos conhecidos na cidade.
– O que é?
– Ah nada (Gertrude disse) mas talvez você não se importe de vestir uma roupa quente e descer, acho que talvez fosse melhor.
– Por que isso? Uma revolução?
Os criados e as mulheres dos criados estavam sempre falando de uma revolução. Os franceses estão acostumados com revoluções, tiveram tantas que quando qualquer coisa acontece eles imediatamente pensam e dizem, revolução.
– Bem, é uma revolução e vieram soldados?
– Não, não exatamente.
– Bom, o que é?
– Não sei exatamente, mas houve um alarme. De qualquer forma é melhor você vir.
– Deixe eu acender a luz.
– Não, melhor não. Me dê a mão e eu levo você para baixo, você pode dormir lá embaixo no sofá.
Eu fui. Estava muito escuro. Sentei no sofá e disse
– Não sei o que está acontecendo comigo mas meus joelhos estão batendo um no outro.
Gertrude Stein explodiu numa risada,
– Espere um minuto, vou buscar um cobertor para você.
– Não me deixe aqui.
Ela conseguiu encontrar alguma coisa para me cobrir e então houve uma forte explosão, depois várias outras. Era um barulho macio e depois o som de buzinas tocando nas ruas e então entendemos que estava tudo terminado. Acendemos as luzes e fomos para a cama.
Confesso que eu não acreditaria que os joelhos batem como descrevem em prosa e poesia se não tivesse acontecido comigo.
Quando a guerra foi de fato declarada em 39, houve imediatamente uma grande agitação. Gerturde e eu conseguimos passes autorizando o uso das estradas, e corremos para Paris. No apartamento da Rua Christine nós começamos a tirar as pinturas das paredes e a protegê-las dos abalos das bombas. Mas nós vimos que havia menos espaço no chão do que nas paredes, então desistimos. Nossos passaportes não conseguimos achar, mas o pedrigree do nosso poodle nós encontramos. Isso foi sorte, uma vez que nos permitiu comprar ração para Basket II, durante a ocupação.
O nome do nosso cachorro é Basket e os franceses gostam disso, soa bem em francês e combina otimamente com Monsieur, as crianças todas o chamam de Monsieur Basket, mais ou menos para rimar com aquele tipo de chapéu casquete.
Esse foi o primeiro Basket.
Amávamos de verdade o primeiro Basket e ele era raspado como um verdadeiro poodle e ele sentava nas patas traseiras e sabia perguntar como vai, tinha dez anos e no outono passado pouco depois de nossa volta para Paris, ele morreu.
Choramos e choramos e finalmente todos disseram arrumem outro cachorro façam isso imediatamente.
Alguém disse arrumem outro o mais parecido possível com Basket chamem-no pelo mesmo nome e aos poucos haverá confusão e vocês não saberão qual Basket ele é.
E então procuramos Picasso e ele disse não, nunca arrume o mesmo tipo de cão novamente nunca, ele disse experimentei uma vez e foi terrível, o novo me lembrava o antigo e quanto mais se parecia com ele pior era. Por que disse ele, imagine se eu morresse e vocês saíssem por aí e mais cedo ou mais tarde escolhessem um Pablo mas não seria eu e seria a mesma coisa. Não nunca arrume o mesmo tipo de cão, arrume um sabujo afegão, ele tem um, e disse que nós podíamos ter um, mas eles são tão tristes, Gertrude disse, para um espanhol até que é bom, mas não gosto que os cachorros sejam tristes, ora ele disse arrumem o que quiserem mas não o mesmo, quando saí ele repetiu não o mesmo não não o mesmo.
Então saímos e encontramos outro Basket e ficamos com ele e o chamamos de Basket e ficamos com ele e ele é muito alegre e não podemos dizer que a confusão entre o velho e o novo já tenha ocorrido.
Sr. Katz, o senhor faria uma gentileza para mim? O senhor poderia datilografar meus manuscritos para o livro de cozinha? Minha velocidade já não é mais a mesma, meus olhos já não…
Eu tinha começado a datilografar The Making of Americans, estava me tornando uma exímia datilógrafa, alcançando precisão e velocidade profissional. Adquiri a técnica de Gertrude Stein, como tocar Bach. Meus dedos estavam adaptados somente ao trabalho de Gertrude. Datilografar The Making of Americans foi um tempo muito feliz para mim. Gertrude falava do trabalho que tinha feito durante o dia, e na manhã seguinte, eu datilografava. Era como viver a história. Eu esperava que isso durasse para sempre.
Depois da morte de Gertrude, minha máquina de datilografia ficou sem uso e eu a dei ao rapaz que datilografou meu livro de cozinha. Livro de cozinha.
Mas um livro de cozinha, Alice? disse Harriet. Que divertido! Mas, Alice querida, você alguma vez já tentou escrever?
Como se um livro de cozinha tivesse alguma coisa a ver com escrever! Como se um livro de cozinha tivesse alguma coisa a ver com começos, meios e fins.
Queridos amigos,
Estou tão feliz de ouvir notícias suas, mas eu estou doente de tanto esperar pelo retorno de vocês a Paris. O massagista, que deveria ter vindo meses atrás, finalmente virá esta semana. Na verdade, eu estava esperando ter dinheiro suficiente para pagá-lo. Eu não sei o que será de mim. Estou vivendo dos proventos do banco. O advogado armênio está tentando fazer um acordo para que não seja necessário vender nenhuma das pinturas. Mas como ele vai arranjar isso, eu tenho a certeza de que não sei.
Voltem logo. Eu não viverei para sempre.
Um outro meio.
Nas colinas italianas, num dia esturricante de agosto, num amplo campo coberto de estrume de vaca,
– Gertrude, (eu disse) vamos sair daqui, está fedendo.
– Por quê? Você adora cheiros, não adora? Isso é um cheiro.
Gertrude tinha desenvolvido um sofisticado sistema de catalogação. Alice estava no arquivo Cheiro: para pessoas que farejam as coisas mas não conhecem as coisas profundamente. Gertrude era capaz de dizer qualquer coisa para mim naquela época, ela pensava, eu era a simplória, a que estava aprendendo. Alice gosta de jóias e de cheiros, e roupas de prostituta, ela pensava. E ela me colocou também na categoria Velha Criada Virgem. Mas eu saí rapidinho dela, não é Baby? Baby nunca mais cometeu esse erro de novo.
May, May, Senhor Katz? O que o senhor quer saber sobre May? May não interessa, senhor Katz!
Mas, estava tudo lá, aquela história horrorosa, nos manuscritos que o jovenzinho tinha trazido de Yale. Não tinha por onde fugir. Imagine eu contando todo esse tipo de coisa, e o lápis do jovenzinho inquieto, não parava de registrar tudo por um segundo, era detestável. O prazer de olhar para o rosto de um estranho e trair Gertrude do jeito que ela tinha me traído. Não tem desculpa. A fúria daquilo tudo está em mim, na época e agora, ela nunca se foi. Eu disse para aquele rosto pálido como eu gritava, e contei como eu destruí a nossa vida de casal, por um ano e até mais de um ano, cada dia, cada carta de May foi estraçalhada, todos os sinais de sua existência foram cortados. Eu contei pra ele! Eu contei como eu gritava, maldita seja você, Gertrude, maldita, maldita, May ainda está em você. E coitada da Baby sofrendo tudo aquilo. Mas cada marcação na mesa de Gertrude que disesse, M ou se eu conseguisse ver um May, eu raspava, apagava. Todos os mays iam se tornando cans. May I help you? Can I help you? May I go? Can I go? May, she loves me. Can, she loves me. Ccada página capturada pela minha máquina de escrever ficava limpa da palavra may. Você pensa sobre os damascos? Você pensa sobre os damascos? Seu suco? Nós achamos que eles são muito
bonitos. E não é a sua cor, é sua parte interna, sua parte interna. Algumas são esposas não heróis.
Strawberry.
Levantar o ventre.
Eu acho a manteiga tão gostosa.
Algumas são esposas não heróis.
Eu caibo no seu chapéu.
E você.
Querido Bobsie, o retrato de Gertrude ainda está aqui. O Metropolitan não deu o menor sinal. Gertrude sempre se sentava no sofá e, do lado oposto, ficava seu retrato pendurado sobre a lareira e eu costumava dizer nos velhos tempos felizes que eles ficavam se olhando e que provavelmente quando estavam sozinhos, conversavam. Agora tenho que levar Basket para o terraço – esse é todo o exercício que lhe é permitido nesses amargos dias frios – ele brinca com seu osso e não podemos dizer que isso não seja um exercício. Querida Louise, o Metropolitan levará o retrato pintado por Picasso no começo da semana que vem (será muito mais difícil vê-lo deixar essas paredes do que eu achava que seria). Não é tanto pelo fato de ser um retrato – claro que é o retrato de Gertrude – mas pelo fato de ter tanto dela na pintura. Eu sei que foi pintado enquanto ela estava escrevendo Três Vidas e ela caminhava até o Place Ravignan em Montmartre duas ou três vezes por semana durante meses e meses pensando sobre seu trabalho. Era uma influência mútua (o pintor e sua modelo veriam tudo diferente depois daquele inverno), então, eu odeio vê-la ir embora. No começo, eu estava indiferente (não parecia fazer a menor diferença). Na verdade, eu até estava apressando o advogado para resolver tudo isso (e agora eu simplesmente entro em pânico quando penso que estão vindo para levá-la). Minha coragem não enche meia colher de sobremesa. Querido Donald, então, eu preciso te dizer que o retrato foi embora para o Metropolitan (eles o levaram, completa uma semana amanhã). Foi um soco terrível, eu achei que estaria preparada, mas no momento final, não foi bem assim. Então, eu coloquei em seu lugar a enorme pintura cubista que estava em cima do espelho, entre as duas janelas e no lugar dela a de Francis Rose que estava entre a lareira e a porta. A pintura cubista ganhou muito com a mudança, mas a sala está mais vazia do que nunca.
A sala logo ficou muito muito cheia e quem eram todos? Grupos de pintores e escritores húngaros, porque acontece que algum húngaro foi um dia convidado e a notícia correu por toda a Hungria, em qualquer aldeia havia um jovem ambicioso que tinha ouvido falar do 27, Rue de Fleurus e passava a só viver para lá chegar e muitos realmente chegaram. Estavam sempre lá, de todos os tamanhos e formas. Havia também uma quantidade de alemães, não tão benquistos porque tendiam a sempre querer ver alguma coisa que tinha sido guardada, tendiam a quebrar coisas e Gertrude Stein tem um fraco por objetos quebráveis, tinha horror de gente que só colecionava o inquebrável. De quando em quando ouvia-se a forte risada espanhola relinchada de Picasso e a alegre gargalhada contralto de Gertrude, as pessoas iam e vinham, entravam e saíam. Senhorita Stein me disse para sentar ao lado de Fernande. Sentei-me ao lado dela. Era minha primeira vez ao lado da esposa de um gênio.
Quando cheguei a Paris, a paisagem que via pela janela do trem era deslumbrante, papoulas vermelhas, margaridas brancas, centáureas azuis, as casas lotadas de pessoas, umas ao lado das outras, a igreja, as vacas pastando – estava muito feliz com aquilo tudo. Minha amiga Harriet cochilava.
A família de Michel Stein morava em um prédio construído anteriormente para uma igreja protestante. Sua sala de estar era iluminada em um dos lados por enormes janelas que davam para o jardim. Nas paredes havia muitos quadros. Na sala estavam Michel Stein, sua esposa Sarah e a irmã de Michel, Gertrude. Foi Gertrude quem reteve completamente a minha atenção, como ela o fez por todos os anos, desde que a conheci até a sua morte, e também por todos esses anos solitários. Ela era de um bronzeado dourado, sua voz era diferente de todas – profunda, aveludada, plena como a de um grande contralto, em duas vozes. Ela era grande e pesada, suas mãos pequenas e delicadas… “Que estranha coincidência, Alice, acabo de ver seu corpete cor de cereja voando pela janela do trem.”
Gertrude me levou para longos passeios. Meu pai havia me ensinado a caminhar nos bosques ao redor de Seattle e acompanhar os longos passos de um homem alto. Gertrude era uma boa caminhante e amava andar no calor do sol italiano. Quando ficava cansada se deitava no chão e olhava para o sol.
Os passeios eram inesquecíveis. Do que mais gostei foi a caminhada ao alto da montanha onde São Francisco e São Domingos se encontravam. Foi uma longa subida num alucinante dia quente. A subida começou gradualmente, mas cresceu acidentada, e nós escorregamos na terra seca. Gertrude tirou suas sandálias e me aconselhou a fazer o mesmo. Quanto mais alto subíamos, mais íngreme a vista do vale abaixo ficava. Eu usava um vestido de algodão holandês, andamos e andamos por horas. O sol nos causava um calor tórrido, então embaixo de alguns arbustos eu me descartei de minha combinação de seda e de minhas meias. Era tudo que se podia fazer. No alto da montanha nós estávamos nas nuvens.
“E eu a amo?”
Senhor Katz, Gertrude escreveu isso? Nos seus manuscritos?
Bom, então se escreveu…
Preciso levar Basket para um passeio, mas ainda preciso falar de…
Talvez ninguém jamais consiga uma história completa de alguma pessoa. Esse pensamento é muito desencorajador. Estou muito triste agora nesse sentimento. Ouvir alguma coisa, sempre dá a alguns um sentimento triste de entender tudo o que eles não ouviram e que eles não estão sabendo e talvez eles nunca possam realmente ter a história completa de alguma pessoa, não ninguém pode ter a história completa de alguma pessoa.
Eu sou muito boa dona de casa, muito boa jardineira, muito boa bordadeira, muito boa secretária, muito boa editora, muito boa veterinária para cachorros e tenho de fazer tudo isso ao mesmo tempo, acho difícil além disso ser uma escritora muito boa.
Quanto a mim, nunca fui dada a violências. Sempre apreciei os prazeres da costura e da jardinagem. Dou muito valor a quadros, móveis, tapeçarias, casas, flores e até mesmo legumes e árvores frutíferas. Gosto de paisagens, principalmente para sentar de costas para elas.
Basket! Basket! Basket, Basket! Basket! Basket! Basket?
Ah não, não, não, isso eu não posso fazer.
Basket! Basket, Basket.
Não, não, simplesmente não será possível. Não. Isso eu não posso fazer.

FIM

“Alice – retrato de mulher que cozinha ao fundo” é um monólogo inédito, resultado do encontro de três artistas, Malú Bazán (direção), Nicole Cordery (atuação) e Marina Corazza (dramaturgia), estimuladas em dialogar com o universo literário de Gertrude Stein e de sua vida ao lado de Alice B. Toklas.
Em 2016, a peça estreou no SESC Consolação, dentro do projeto Escritoras na Boca de Cena. Em janeiro de 2017, reestreou na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Em março, fez sua terceira temporada ainda na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em uma de suas salas de exposição. Em abril fará sua 4ª. temporada na cidade de São Paulo no Teatro Viga Espaço Cênico. Tem buscado circular por outras cidades.
Para maiores informações sobre o texto e a peça, contatar marinacorazzapadovani@yahoo.com.br.