EDITORIAL – N.011 – 16/12/2013

15/12/2013 12:18

EDITORIAL N.011

Na janela “Como é”, o destaque desta edição é o ensaio da professora Myriam Ávila, “Tropeçar em poesia: um alerta”, sobre a “dificuldade” de se conviver com a poesia.

Nessa mesma janela, ensaios sobre dança, etnopoética, corpo, teatro e tradução de peças teatrais.

Em “… à procura de um autor”, Moacir Loth entrevista o antropólogo Rafael José de Menezes Bastos.

Na janela “Teatro na Praia”, a culinária futurista italiana, na tradução de Aurora Bernardini; e na minha tradução, o conto “O elefante e a borboleta”, de E. E. Cummings.

Também nessa janela duas peças de alunos do curso de artes cênicas: “O espelho” e “Um homem”, de Ronaldo Pinheiro Duarte, e “Sussuro”, de Eduardo Marques Alexandre, além de uma crônica de João Henrique Fidelis Fernandes.

Na agenda cultural, destaque para a exposição de “Infinite Obsession” (Obsessão Infinita), da artista japonesa Yayoi Kusama, que volta em 2014 para o Brasil.

Yayoi Kusama

http://www.youtube.com/watch?v=Wq0LXh3sais

Para encerrar este ano e aproveitando que o Natal se aproxima, “Qorpus” perguntou a alguns colaboradores qual livro eles dariam de presente. Confiram abaixo as indicações.

Edward Gorey

— Alexandre Fernandez Vaz, professor do PPGE e do DICH, ambos da UFSC, e pesquisador do CNPq.

Eu daria Nu, de botas, livro de Antonio Prata, com crônicas memorialísticas sobre a infância. Seria um belo presente pela precisão retórica que o adulto alcança ao mimetizar os impulsos da criança. Com muita ficção, como convém à memória, o livro é um conjunto de interpelações ao passado em que o melhor da vida dos pequenos e da narrativa sobre ela não deixa de emergir: o espanto. Faz um par interessante e meio atravessado com “Infância berlinense: 1900”, de Walter Benjamin, também publicado neste ano, em linda tradução de João Barrento.

— Alexandre Nodari, editor da Cultura e Barbárie (www.culturaebarbarie.org).

Sem dúvida, O suplício do Papai Noel, de Claude Lévi-Strauss, por nos ajudar a entender o “ritmo duplo de solidariedade acentuada e de antagonismo exacerbado” que percebemos em qualquer ceia natalina, familiar ou profissional. Papai Noel vive sob o signo de Saturno e toda cerimônia de presentes é também um potlach, ritual de destruição.

— Berthold Zilly, professor de literatura latino-americana e tradutor.

Antonio Callado. Esqueleto na Lagoa Verde. Ensaio sobre a vida e o sumiço do Coronel Fawcett. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, 160 pgs. [1a edição 1953].
Esta reportagem sobre um mito duplo — a cidade perdida na selva do Mato Grosso, e o pesquisador perdido em sua busca — não perdeu nada, nos 60 anos desde sua estreia, de sua qualidade informativa, reflexiva e estética. Pois discute, sempre numa escrita precisa, elegante, irônica, questões centrais da história e da sociedade brasileira, do destino das populações indígenas, da pesquisa geográfica, histórica e antropológica, do poder da mídia, do imperialismo e neo-colonialismo inclusive nas ciências, mas também da condição humana em geral: os limites e as contradições da civilização, do desenvolvimento, das verdades epistemológicas e éticas. Uma magistral desconstrução de uma história de aventuras e de um caso policial que gerou um belíssimo ensaio humanista, entre cético, melancólico e poético.

— Caetano Waldrigues Galindo, professor de história da língua portuguesa na UFPR e tradutor literário. Traduziu, entre outros, Ulysses, de James Joyce, que ganhou vários prêmios de tradução.

Ana Kariênina. Só fui ler esse ano (vergonha!), mas é simplesmente sensacional. Bela tradução, belo projeto gráfico, um volume pra guardar e um livro pra não esquecer. Uma aula de romance.

— Clélia Mello, professora do curso de cinema da UFSC e cineasta.

Livro que darei no Natal: Klaxon em revista (Cosac).

De mim.

Para mim.

Edição facsimilar da primeira revista modernista brasileira Klaxon foi lançada em São Paulo um pouco antes da Semana de Arte Moderna e circulou mensalmente entre maio de 1922 a janeiro de 1923.

— Patricia Peterle, professora de literatura italiana, ensaísta e tradutora.

A Coisa Perdida – Agambem comenta Caproni (Editora UFSC). Caproni é um dos grandes nomes da poesia italiana do século XX. É da mesma geração de Vittorio Sereni, Pier Paolo Pasolini e Giorgio Agamben, todos seus amigos.  A sua linguagem arquitetural propõe, ao mesmo tempo, um diálogo e uma infração com a tradição, basta pensar no uso do enjabement e nas soluções adotadas para a forma do soneto, ou ainda, nas experimentações mais radicais de Res Amissa, que empresta o título à coletânea brasileira. A cesura, elemento também da existência, faz parte da escritura caproniana. Poeta singular/plural, em seus versos arte e pensamento fazem parte da mesma moeda. A ceura, elemento também da existência, faz parte da escritura caproniana.

— Sandra M. Stroparo, professora de Teoria Literária e Literatura Brasileira na UFPR e tradutora literária.

Carlos Drummond de Andrade: Poesia 1930-1962. Porque Drummond é incontornável e a edição dos poemas está muito caprichada.

— Sérgio Medeiros, poeta, tradutor e professor da UFSC, pesquisador do CNPq.

Sem dúvida nenhuma eu daria de presente de Natal Os sonhos teus vão acabar contigo, do escritor russo Daniil Kharms. O livro, traduzido por Aurora Bernardini, Moissei Mountin e Daniela  Mountin e publicado recentemente, reúne prosa, poesia, teatro e crítica, tudo escrito com humor impagável que deságua no nonsense e no absurdo.

Wesley Collyer, presidente da Academia Catarinense de Letras e Artes (www.acla.org.br).

O livro dos abraços, de Eduardo Galeano. A memória do autor, e de certa forma a da América Latina, é contada em forma de pequenos momentos – minicrônicas – que emocionam. Um pequeno (por ser edição de bolso) grande livro.

 

Boa leitura,
Dirce Waltrick do Amarante