Entrevista de Bob Dyla à Mett Fugl- Tradução de Rodrigo Conçole Lage

Entrevista de Bob Dyla à Mett Fugl[1], 11 de julho de 1978[2]

 

   Tradução de Rodrigo Conçole Lage[5]

Landvetter Airport[3], Gotemburgo, Suécia. Parcialmente transmitida pela televisão dinamarquesa em 12 e 16 de julho (TV-Aktuellt[4])

Entrevista da jornalista dinamarquesa com Bob Dylan, prêmio Nobel de Literatura de 2016.

Bob Dylan

1.Ok, uma vez que você escreveu canções sobre os seus sonhos. Você escreveu “Bob Dylans Dream”[6], “115th Dream”[7], o que você está fazendo atualmente?

Bob Dylan: A mesma coisa.

2. Qual seria a sua 1978 versão de uma música visionária?

B.D .: Todas elas.

3. Qualquer uma. OK. Seja lá o que fizer, acabou tendo sido categorizado como puro gênio. Há espaço, no seu grande sucesso, para a autocrítica em favor do desenvolvimento artístico?

B.D .: Mmmm, certamente.

4. Quando todos dizem que é genial, é puro gênio?

B.D .: Eu acho que nem todos dizem isso.

5. Você disse em entrevistas que suas canções não têm conteúdo político, nem significado social. Mas mesmo assim você atrai um dos maiores públicos da história da música pop. Isso não indica que suas músicas tem uma certa importância social?

B.D .: O que você quer dizer com isso?

6. São apenas seus admiradores, seu público, que encontram interesse no conteúdo de suas canções ou você está apenas preso ao conteúdo?

B.D .: Possivelmente.

7. É que você apenas não quer discutir isso?

B.D .: Bem, não. Você nunca sabe o que se passa nas mentes humanas.

8. Não e você não quer. Mas você escreveu canções sobre o Hurricane Carter[8] e Joey Gallo[9] e você dedicou seu último álbum[10] a Emmett Grogan[11]. Eles têm uma coisa em comum, estes três homens. Eles são um tipo de fora-da-lei. Você tem uma síndrome de fora-da-lei?

B.D .: Não, não mesmo.

9. Não mesmo. Como é que você dedica suas canções aos vagabundos de olhos tristes[12], aos cavaleiros durões[13]?

B.D .: Bem, quem… simplesmente aconteceu de estarem na linha de frente de minha imaginação.

 

THE METTE FUGL INTERVIEW, July 11, 1978

Landvetter Airport, Gothenburg, Sweden. Partially broadcast by Danish television on July 12 and 16 (TV-Aktuellt)

 

1.Okay, once you wrote songs about your dreams. You wrote “Bob Dylans Dream,” “115th Dream,” what are you doing these days?

Bob Dylan: Same thing.

2. What would be your 1978 version of a visionary song?

B.D.: All of them.

3. Anyone. Okay. Whatever you do almost it has been categorized as pure genius. Is there space in your great success for self criticism for artistic development?

B.D.: Mmmm, surely.

4. When everybody says it’s genius it’s pure genius?

B.D.: I don’t think everybody says that.

5. You have said in interviews that your songs have no political content and no social significance. But still you attract one of the largest crowds in the history of pop music. Doesn’t that indicate that your songs have a certain social significance?

B.D.: What do you mean?

6. Is it only your admirers, your audience that find an interest in the content of your songs or are you just caught up of the contents?

B.D.: Possibly.

7. Is it that you just don’t want to discuss it?

B.D.: Well, no. You never know what’s happening in the minds of men.

8. No and you don’t want. But you have written songs about Hurricane Carter and Joey Gallo and you’ve dedicated your last album to Emmett Grogan. They have one thing in common those three men. They are sort of outlaws. Do you have an outlaw syndrome?

B.D.: No, not really.

9. Not really. How come you dedicate your songs to the sad eyed drifters, the rough riders?

B.D.: Well, who… they just happen to be in the forefront of my imagination.

 

 

[1] Jornalista dinamarquesa nascida em fevereiro de 1949. Em 1969 trabalhou no jornal “Politiken” e entre 1975-177 trabalhou no “Information”. Mais tarde, passou a trabalhar na televisão. Escreveu, em 2008, em parceria com Karen Thisted, o livro de memórias “Er vi de eneste normale her”.

[2] Disponível em: <http://www.interferenza.com/bcs/interw/78july11.htm>.

[3] O Göteborg Landvetter Airport é o segundo maior aeroporto da Suécia.

[4] Programa de notícias da televisão sueca.

[5] Graduado em História (UNIFSJ). Especialista em História Militar (UNISUL). Itaperuna-RJ. Email: rodrigo.lage@yahoo.com.br.

[6] Do álbum “The Freewheelin’ Bob Dylan”.

[7] Do álbum “Bringing It All Back Home”.

[8] Ele foi um boxeador norte-americano, peso médio, conhecido por ter travado uma longa disputa na justiça após ter sido preso por assassinato. Dylan o considerava inocente e procurou, com outras pessoas, ajudá-lo.

[9] Foi um famoso gangster de New York.

[10] O “Street Legal”.

[11] Foi um dos fundadores do Diggers, um grupo de hippies radicais, da cidade de São Francisco, que esteve na ativa entre 1966 e 1968.

[12] O livro “Writings and Drawings” apresenta a seguinte dedicatória:

 

Dedicated to the rough riders, ghost poets,

low-down rounders, sweet lovers,

desperate characters,

sad-eyed drifters and rainbow angels – those high

on life from all ends of

the wild blue yonder.

 

And especially to the girls upstairs – Cathy,

Miriam, Mildred & Naomi who put this

heavy volume together.

 

To the magnificent Woody Guthrie and

Robert Johnson

 

who sparked it off

and to the great wondrous

melodious spirit

which covereth the oneness

of us all

 

And to Sara who made it all complete.

 

[13] Segundo a Wikipédia: “Rough Riders é o nome do Primeiro Regimento de Cavalaria Voluntária dos Estados Unidos durante a Guerra Hispano-Estadounidense. Foi criado pelo futuro presidente Theodore Roosevelt sendo um dos três regimentos desta classe a entrar em guerra contra o Império Espanhol e o único dos três a entrar em ação em 1898”. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Rough_Riders>.